Vencedora do Prêmio FOCO ArtRio 2023, a artista Uýra participa da coletiva “The World Made Wondrous: The Dutch Collector’s Cabinet and the Politics of Possession” (O mundo tornado maravilhoso: o gabinete do colecionador holandês e a política de posse), em cartaz até março de 2024 no LACMA- Los Angeles County Museum of Art.
A exposição reúne mais de 300 objetos, incluindo pinturas, gravuras e esculturas, bem como pedras preciosas, conchas e taxidermia, recriando um gabinete fictício de colecionador holandês do século 17, a fim de examinar as histórias políticas e coloniais das práticas de coleta europeias.
À medida que os europeus montavam os seus gabinetes, ordenavam o mundo de forma deliberada, afirmando julgamentos e hierarquias sobre o valor dos materiais naturais, das formas de trabalho, das formas de artesanato, bem como do valor humano, muitas vezes com consequências terríveis e mortais. A mostra questiona as agendas e estruturas subjacentes que foram fundamentais para estas coleções – que são precursoras dos atuais museus europeus e americanos, incluindo o LACMA.
A exposição destaca as importantes contribuições de quatro artistas contemporâneos: Jennifer Ling Datchuk, Todd Gray, Sithabile Mlotshwa e Uýra, cujas obras fornecem contexto e reflexão essenciais sobre as narrativas históricas tecidas na exposição. Inclusive a obra Terra Pelada da série “A Última Floresta” de Uyra entrou para o acervo do museu.
Sobre a artista
Uýra é indígena em diáspora habitante de Manaus, Amazonas. É bióloga, Mestra em Ecologia da Amazônia, e atua como artista e arte educadora de comunidades tradicionais. Mora em um território industrial no meio da floresta, onde se transforma para viver uma árvore que anda, sempre criada com elementos orgânicos. Uýra utiliza o corpo como suporte para narrar histórias de diferentes Naturezas via fotoperformance, performance e instalações. Se interessa pelos sistemas vivos e suas violações, e a partir da ótica da diversidade, dissidência, do funcionamento e adaptação, (re)conta histórias naturais, de encantarias e diásporas existentes na paisagem floresta-cidade.
Já participou de mais de 30 exposições coletivas, nacionais e internacionais, e apresentou quatro individuais, incluindo sua estreia no MAM Rio. Foi destaque da 34o Bienal de São Paulo e da Bienal Manifesta! (Kosovo), além de vencedora do Prêmio EDP nas Artes – Instituto Tomie Ohtake, do Prêmio PIPA 2022 e do Prêmio SIM à Igualdade Racial 2023. Suas obras compõem Acervos nacionais, como da Pinacoteca de São Paulo e Instituto PIPA, e internacionais como do Castello de Rivoli (Itália), Currier Museum of Art e Los Angeles County Museum of Art (EUA).