Tiago Sant’Ana e Andrea Hygino compõem a equipe curatorial da Bienal do Mercosul, liderada por Raphael Fonseca


Os ganhadores do Prêmio FOCO 2019, Tiago Sant’Ana, e 2022, Andrea Hygino, foram anunciados ontem, 20 de julho, como parte da equipe curatorial da 14ª Bienal do Mercosul, prevista para acontecer em setembro de 2024 em Porto Alegre. O time é liderado por Raphael Fonseca, curador-chefe da edição.
A Fundação Bienal do Mercosul anunciou ontem Raphael Fonseca como curador-chefe da sua 14ª edição, prevista para acontecer em setembro de 2024 em Porto Alegre. Raphael Fonseca, que é curador de arte moderna e contemporânea latino-americana do Denver Art Museum desde 2021, comandará o time artístico da Bienal, que conta como curadores adjuntos o baiano Tiago Sant’Ana, selecionado para o programa SOLO da ArtRio 2023, e Yina Jiménez Suriel, da República Dominicana.
Realizada em um momento histórico pós-pandemia, a 14a Bienal do Mercosul tem como desafio a aproximação com um público mais amplo local e externo, reforçando o seu caráter internacional, e sobretudo, seus vínculos com a América Latina. “Estar como curador da 14a. Bienal do Mercosul é uma grande honra. Todos os projetos expositivos da envergadura de uma bienal é um espelho do tempo em que ela acontece. Teremos um grande desafio e imensa responsabilidade em compor equipes, pensar recortes conceituais, locais de exibição, artistas, programação e publicação”, apresenta o curador-chefe Raphael Fonseca.
Um dos pilares da próxima Bienal, informa Fonseca, será a elaboração de um circuito de exposições em diversos espaços institucionais espalhados por Porto Alegre e adjacências, desenhando, assim, mapas de visitação que possibilitarão ao público não somente apreciar obras em espaços culturais como também entender as dinâmicas, movimentos e discursos da cidade. “Uma vez que movimentar-se será fulcral para o projeto que estamos desenvolvendo para a Bienal do Mercosul, desejamos que o público possa fazê-lo percorrendo o espaço urbano onde a mostra é sediada”, elucida o curador-chefe.
Embora o conceito ainda não tenha sido apresentado, a equipe de curadoria – a mais jovem da história da Bienal – trabalha com um horizonte de pesquisa lastreado no campo do contemporâneo e lançando um olhar para as possíveis relações e intercâmbio entre diferentes gerações de artistas e distintas geografias do Sul Global.
Outra grande novidade da edição de 2024 da Bienal é a elaboração de uma curadoria de Programas Públicos, que será desenhado pelas curadoras Anna Mattos e Marina Feldens. Ambas trazem na bagagem experiências em criação de projetos artísticos, curadoria e produção de exposições, além de um poder de articulação com a comunidade local de Porto Alegre demonstrado através do trabalho que desenvolvem no espaço Força e Luz.
Também um setor fundamental para a Bienal do Mercosul, o educativo terá uma curadoria própria a cargo da artista carioca Andréa Hygino, ganhadora do Prêmio FOCO 2022 e reconhecida pelas obras que usualmente discutem as relações entre educação e processos artísticos, além da gaúcha Michele Ziegt, que possui experiência com a Bienal do Mercosul desde 2011 e pesquisa as relações entre Linguagem, Cultura e Educação.
A equipe artística da Bienal se completa, ainda, com a curadora assistente Fernanda Medeiros e conta com a colaboração do Estúdio Margem – responsável por todo design e identidade visual da edição. O escritório da arquiteta Juliana Godoy terá como desafio a elaboração da espacialização, arquitetura e expografia das diversas exposições que comporão a mostra. A presidência da Bienal do Mercosul continua nas mãos da empresária gaúcha Carmen Ferrão, que também coordenou as atividades na edição de 2022 da mostra.
Sobre os curadores
Raphael Fonseca (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 1988) é curador de arte moderna e contemporânea latino-americana do Denver Art Museum desde 2021. É doutor em Crítica e História da Arte pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Ao lado de Renée Akitelek Mboya, assina a curadoria da 22a Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (São Paulo, 2023). Entre 2017 e 2020, foi curador do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Entre suas exposições, destaque para Who tells a tale adds a tail (Denver Art Museum, 2022); The silence of tired tongues (Framer Framed, Amsterdã, 2022); Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil (Sesc 24 de Maio, São Paulo, 2022); Sweat (Haus der Kunst, Munique, 2021) e Vaivém (Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, 2019–2020). Vive e trabalha em Denver, Estados Unidos.
Tiago Sant’Ana (Santo Antônio de Jesus, Bahia, Brasil, 1990) é curador, artista visual e pesquisador. É doutor em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Entre 2019 e 2022, coordenou o programa de exposições do Goethe-Institut em Salvador, além de acompanhar artistas na residência Vila Sul. Em 2014, foi curador assistente na 3a. Bienal da Bahia. Foi laureado com prêmios nacionais e internacionais como a Soros Arts Fellowship da Open Society Foundations e a Bolsa ZUM de Fotografia do Instituto Moreira Salles. Como artista visual, tem participado de exposições nacionais e internacionais, em países como Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Itália e Portugal, tendo obras em acervos como os do MASP, Pinacoteca de São Paulo, Instituto Moreira Salles e Museu de Arte Moderna da Bahia. Vive e trabalha em Salvador, Brasil.
Andréa Hygino (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 1992) é artista visual, arte-educadora e professora. Seu trabalho se debruça sobre o ambiente escolar, os processos de aprendizado, adestramentos, disciplina, repetição e encontra na desobediência de estudante o lugar necessário de contestação e criação. Nos trabalhos da artista as memórias de infância – da escola criada por sua mãe que funcionava em casa – se entrelaçam às experiências do presente enquanto artista-rofessora/professora-artista e à condição da educação pública no Brasil. Foi vencedora do 3o Prêmio SeLecT de Arte e Educação (categoria Camisa Educação) e do Prêmio FOCO ARTRio 2022. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil.
Sobre o Prêmio FOCO
Criado pela ArtRio em 2013, o Prêmio chega em 2023 a sua nona edição dando continuidade ao importante trabalho de reconhecimento, fomento, valorização e divulgação de artistas visuais brasileiros. Com apresentação do Instituto Cultural Vale, o Prêmio tem como meta estimular o desenvolvimento e o crescimento profissional de artistas com até 15 anos de carreira de todas as regiões do país.
Na imagem Fernanda Medeiros, Michele Ziegt, Marina Feldens, Tiago Sant’Ana, Andrea Hygino, Raphael Fonseca, Anna Mattos, Yina Jimenez Suriel. Fotos de Thiéle Elissa