Rosana Paulino e Adriana Varejão representam o Brasil na Biennale di Venezia 2026


A Fundação Bienal de São Paulo anunciou hoje a curadoria de Diane Lima para o Pavilhão do Brasil na 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, que acontece de 9 de maio a 22 de novembro de 2026. As artistas Rosana Paulino e Adriana Varejão, selecionadas pela curadora, integram o projeto curatorial Comigo ninguém pode, que toma as ambiguidades da planta homônima como metáfora de proteção, toxicidade e resiliência. A proposta destaca os diálogos que atravessam as trajetórias de ambas, nas quais reflexões sobre feridas coloniais e reinscrição da história dão lugar a constantes processos de metamorfose, articulando novas possibilidades de imaginação e liberação poética.
“Ser escolhida para conceber o Pavilhão do Brasil em Veneza é uma honra e uma grande responsabilidade”, afirma Diane Lima. “Juntas, Paulino e Varejão representam historicamente o que há de mais revolucionário quando se fala da presença das mulheres no campo da arte nacional. Suas poéticas em consonância e fricção fazem coro com as lutas dos movimentos sociais e da democracia, sem nunca perder a capacidade sensível de nos arrebatar e surpreender com alta qualidade técnica. Junto às ideias de proteção e toxicidade, Comigo ninguém pode, como um ditado popular, também refere-se ao processo de transferência do conhecimento sobre a natureza para o âmbito da vida, refletindo portanto um processo de manifestação coletiva que acontece naturalmente quando ‘comigo’ se torna um ‘nós’, se torna muitos e uma nação inteira, que usa a sua sabedoria como forma de defesa e soberania”, conclui.
“Meu trabalho e o de Rosana Paulino se cruzam na potência das feridas coloniais, matéria que estrutura o DNA de nossas obras e atravessa nossas pesquisas de modo visceral”, afirma Adriana Varejão. “Espero desenvolver com Rosana um diálogo inédito que também se conecte à arquitetura do pavilhão, ampliando as possibilidades de nossas trajetórias artísticas”, complementa. Para Rosana Paulino, “estar no Pavilhão do Brasil em Veneza, ao lado de Adriana Varejão, é a oportunidade de investigar feridas coloniais a partir de perspectivas femininas distintas que se encontram num diálogo inédito. Esse encontro propõe uma revisão da história da arte ao questionar o cânone e recuperar memórias silenciadas, abrindo caminho para novas possibilidades de futuro”.
A seleção do projeto curatorial e artístico do Pavilhão do Brasil adota, desde 2023, um sistema de avaliação composto por uma comissão de representantes das três instâncias realizadoras – Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores e Fundação Bienal de São Paulo –, que analisa projetos de curadores convidados, tornando o processo mais aberto e participativo.
“A curadoria de Diane Lima, com a presença de Rosana Paulino e Adriana Varejão, reafirma a potência e a complexidade da produção brasileira no cenário internacional”, diz Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo. “Este anúncio coincide com o investimento na recuperação do nosso pavilhão e renova o compromisso institucional de apresentar em Veneza um projeto à altura do debate global que o Brasil tem a contribuir”, conclui.
O anúncio se alinha ao tema oficial da 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, intitulada In Minor Keys. A edição de 2026 vem na esteira da perda inesperada da curadora nomeada Koyo Kouoh e será conduzida pelo coletivo formado por Gabe Beckhurst Feijoo, Marie Helene Pereira, Rasha Salti, Siddhartha Mitter e Rory Tsapayi, profissionais selecionados por Kouoh para acompanhá-la nesse percurso curatorial e que, agora, dão continuidade ao seu legado.