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Museu do Jardim Botânico exibe arte indígena sob a curadoria do SELVAGEM

12/03/2024 - Por ArtRio

Inaugurado no dia 8 de março, o Museu do Jardim Botânico exibe arte indígena na mostra temporária “Mbaé Kaá o que tem na mata: Barbosa Rodrigues entre plantas e pajés”, sob a curadoria do SELVAGEM, ciclo de estudos sobre a vida, esfera de aprendizagens e de práticas liderado por Anna Dantes e orientação de Ailton Krenak, que articula memórias e saberes indígenas, tradicionais, científicos, acadêmicos, artísticos e de outras espécies.

Mbaé Kaá – O que tem na mata: Tapyiyetá Enoyndaua
João Barbosa Rodrigues (1842-1909) foi engenheiro, naturalista, botânico, escritor, etnógrafo e primeiro diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Falante do tupi antigo, do nheengatu e do guarani, ele escreveu em 1905 “Mbaé Kaá – O que tem na mata: Tapyiyetá Enoyndaua”, uma contundente defesa do conhecimento indígena. “É uma fala muito importante, que de certa forma até hoje não foi ouvida, porque mostra como as ciências indígenas e não-indígenas podem uma aprender com a outra. E esta sala é um espaço de celebração, onde este encontro entre os saberes sobre plantas, sobre a natureza, é possível”, conta a curadora Anna Dantes.

Nas paredes estão reunidas algumas das cerca de 394 aquarelas que João Barbosa Rodrigues produziu em suas expedições à Amazônia, entre 1886 e 1887. Palmeiras desenhadas a partir de uma oficina na Escola Viva Guarani, localizada no Rio Silveira, estão em diálogo com as ilustrações de Barbosa Rodrigues de seu outro livro “Sertum Palmarum Brasilienium”, lançado em Bruxelas, em 1903.

Arte indígena
Nhe’ery é como os Guarani veem o território que costuma ser chamado de Mata Atlântica. Para os indígenas, este sentido é muito mais amplo e profundo, porque é onde os espíritos se banham, é uma composição de mundo com uma série de relações entre todos os seres visíveis e invisíveis. “Pensando que estamos dentro da Mata Atlântica, trouxemos uma tela sobre o Nhe’ery e uma tela sobre o Rio de Janeiro imerso dentro do Nhe’ery. São desenhos coletivos”, explica Dantes.

No centro da sala fica a instalação “Viva viva escola viva”, que foi exibida de dezembro de 2023 a janeiro de 2024 em uma exposição homônima, de artes e medicinas, na Casa França-Brasil. O trabalho, também coletivo, é uma grande celebração, como uma assembleia de diferentes seres, incluindo os visitantes, que podem se sentar no entorno do círculo, onde estão esculturas de diferentes animais em madeira, uma arte de narrativas, de contação de histórias, produzidas pelos guaranis. E também compõem a mostra diferentes plantas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para trazer o campo da vida para o museu.

Audiovisual Guarani
Completam a exposição uma mostra com filmes em que Carlos Papá, cineasta, coordenador da Escola Viva Mbya Arandu Porã e liderança do Povo Guarani, revela um primeiro caminho ao encontro da língua Guarani e seus profundos significados originários. “São cinco filmes que foram gravados no Nhe’ery, e trazem uma atualização de memória ancestral, que caminha pela oralidade, e que é sobre isso que o Barbosa Rodrigues está falando no Mbaé Kaá, por isso que o nome da exposição diz ‘entre plantas e pajés’, porque ele está evocando esta escuta entre saberes”, completa Anna Dantes.

O Museu do Jardim Botânico fica em um casarão do início do século XX, localizado na Rua Jardim Botânico, 1008. O IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, contratado pela Shell, é responsável pela gestão do espaço. Funcionamento: de quinta a terça-feira (fechado às quartas-feiras), das 10h às 17h, com a última entrada às 16h. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso pelo site https://jbrj.eleventickets.com.

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