ArtRio 16a. edição | 16 a 20 de SETEMBRO de 2026 | MARINA DA GLÓRIA ArtRio 16a. edição | 16 a 20 de SETEMBRO de 2026 | MARINA DA GLÓRIA

Mostra no CCBB reúne obras históricas e contemporâneas que celebram o mangue como território de vida, mitos e resistência.

30/10/2025 - Por ArtRio

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro apresenta “Manguezal”, uma exposição sem precedentes no Brasil e sem paralelo em escala e concepção no cenário internacional, dedicada integralmente a este ecossistema vital e pouco conhecido. Com curadoria de Marcelo Campos e produção de Andrea Jakobsson Estúdio, o projeto tem base no livro homônimo, produzido em parceria com a Cátedra UNESCO do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). A publicação integra a coleção dedicada à Década do Oceano (2021–2030) e traz uma abordagem socioambiental impactante, ilustrada pelo fotógrafo Enrico Marone, que documentou manguezais de Norte a Sul do país.

A exposição amplia o olhar do livro para a experiência artística, apresentando o manguezal como território simbólico, cultural e ambiental, espaço de vida, pesquisa, inspiração e sustento para comunidades locais. A mostra busca oferecer ao público uma compreensão aprofundada do ecossistema como berçário de espécies marinhas, barreira natural contra as marés, sequestrador de carbono e fonte de alimento, reforçando a urgência de sua preservação.

O manguezal é revelado como símbolo de vida, resistência e ancestralidade. A curadoria propõe um mergulho no ecossistema por meio de múltiplas linguagens e gerações de artistas, reunindo cerca de 50 obras de 25 nomes fundamentais da arte brasileira. Partindo da pesquisa fotográfica de Enrico Marone, a mostra dialoga com trabalhos que reinterpretam o mangue como espaço vital, poético e político.

O tema atravessa a história da arte brasileira. O modernista Lasar Segall retratou a antiga zona de mangue no Rio de Janeiro, região central na formação do samba e do urbanismo carioca. Décadas depois, Hélio Oiticica ressignificou o mangue em seus jogos linguísticos, unindo “mangue” e “bangue” em crítica à violência urbana. Ambas as abordagens evidenciam a persistência e relevância do tema ao longo do tempo.

Na arte contemporânea, artistas racializados, negros e indígenas retomam o manguezal como território simbólico e material. A argila, presente no ecossistema, ganha destaque como matéria ancestral e poética, como no trabalho da baiana Annia Rízia, que cria seres míticos em cerâmica, evocando espiritualidade e memória.

Outro destaque é a instalação site-specific de Gabriel Haddad e Leonardo Bora, baseada nas caruanas — seres encantados que habitam os manguezais, presentes na mitologia indígena brasileira. A obra amplia o imaginário do manguezal como espaço de encantamento, oralidade e criação coletiva.

Entre os demais artistas da mostra estão: Ygor Landarin, Lucélia Maciel, Azizi Cypriano, Almir Lemos, Aislane Nobre, Gabriella Marinho, Abelardo da Hora, Ayrson Heráclito, Carybé, Celeida Tostes, Laryssa Machada (Prêmio FOCO), Marcel Gautherot, Frans Post, Maureen Bisilliat, Marcone Moreira, Uýra (Prêmio FOCO), Ganhadeiras de Itapuã e Enrico Marone, todos atuando em diversas linguagens e expressões, ampliando o diálogo entre arte, ciência, cultura e meio ambiente.

O Carnaval também marca presença na mostra. Além da instalação de Haddad e Bora — criadores do carro alegórico da Grande Rio em 2025 inspirado no manguezal —, a exposição se conecta ao Carnaval de 2026, cujo enredo da escola Grande Rio será “Manguezal”, criado por Antônio Gonzaga. Ele participa com quatro protótipos de fantasias apresentados ao público pela primeira vez, que dialogam com a força simbólica e vital do mangue, revelando a dimensão estética e política do Carnaval. A coincidência entre carnaval e exposição reforça o mangue como território de mitos, oralidade e transformação, unindo arte, cultura popular e meio ambiente de forma inédita e impactante.

A mostra ganhou ainda mais grandiosidade sob a condução de Marcelo Campos, que, com sua sólida trajetória na arte contemporânea e na pesquisa sobre identidades brasileiras, contextualiza o manguezal como metáfora do próprio país — mestiço, fértil e em constante reinvenção — em diálogo direto com as discussões ambientais e sociais do nosso tempo.

“Imaginando o rosto de nossos ancestrais ou performando entre raízes e plantas ciliares, de Norte a Sul do Brasil, os artistas desta exposição nos trazem, em matéria, cor e imagem a grandiosidade de um ambiente que constitui um dos mais importantes patrimônios brasileiros”, afirma Marcelo Campos, curador da exposição, que ficará em cartaz no CCBB RJ até 2 de fevereiro de 2026.

Manguezal é, portanto, uma exposição que articula ciência, arte e cultura para apresentar o ecossistema não apenas como paisagem, mas como território de sentidos, saberes e vidas, convidando o público à escuta, percepção e reconexão com um Brasil que pulsa, resiste e floresce, onde poucos ousam olhar. A mostra integra as celebrações do 36º aniversário do CCBB RJ.

O CCBB RJ fica na Rua Primeiro de Março, 66 – 2º andar. Funcionamento: ed quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças-feiras). Entrada gratuita. Aos domingos, das 8h às 9h, atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes, conforme determinação legal (Lei Municipal nº 6.278/2017).

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