Mano Penalva inaugura na noite do dia 12 de setembro, na Portas Vilaseca Galeria, a individual “Casa de Andar”. A mostra apresenta um conjunto de trabalhos inéditos, produzidos entre 2018 e 2019, a partir de um olhar sobre um lugar entre a Casa e a Rua. Materiais e objetos do cotidiano são arranjados, estruturados ou encostados a partir de pequenos deslocamentos; palhinhas, paninhos, muxarabis, pratos e xícaras são reorganizados como fragmentos de uma composição precisa, uma espécie de “quebra da normalidade” dos objetos – capacidade de reconfiguração surpreendente e inesperada, quando os mesmos deixam suas funções primeiras e imprimem novas possibilidades e formas de pensar a sua existência.
O nome Casa de Andar é uma lembrança da sua Cidade natal (Salvador -BA) para nomear moradias que saem do piso térreo e ganham um andar/lance ou mais. Assim, a galeria que ocupa um edifício em Botafogo passa a ser habitada por um corpo de trabalhos que dialogam com a arquitetura e aspectos culturais e formais de uma relação que transita entre o privado e o público.
Ao andar pela Casa de Mano Penalva, o expectador se depara com trabalhos nomeados como os espaços de casa (1 Quarto, 2 Quartos, 3 Quartos e Kitnet – esculturas compostas por suportes de madeira, moringas e quartinhas) ou por um mobiliário domestico revisitado como os trabalhos Tribeira e Centopéia.
Em Casa de Andar, o ornamento ocupa um lugar de cuidado e investimento afetivo, diz Pollyana Quintella que assina o texto da exposição. Nas Bailarinas, capas para botijão de gás, galão d’água, liquidificador, puxa-saco, entre outros utensílios, são costuradas formando uma estrutura entre o totem e o traje de baile, levando o expectador a pensar no caráter ritual e performático do fazer artesanal. O mesmo pode ser observado no caso das palhinhas, rendas e treliças que compõem a série Ventana.
O trabalho de Mano Penalva parte do estudo da Cultura Material, mudanças de comportamento e efeitos da globalização. Sua produção é deliberadamente não representativa, permitindo que os materiais ditem a forma e se unam quase que por conta própria, a partir de um desejo de existirem no mundo. O artista explora a poesia obtida pelo deslocamento dos objetos de seu contexto cotidiano, trabalhando com
diferentes mídias como pintura, fotografia, video, escultura e instalação.
Ao criar os trabalhos, subverte o valor dos objetos do cotidiano, propondo novos agrupamentos estéticos a partir da relação das estratégias de venda do varejo, das suas experiências de coleta e da observação de relações que transitam entre a Casa e a Rua. Mano Penalva realça com seus trabalhos a ideia que a exponencial proliferação de objetos e imagens não se destina a treinar a percepção ou a consciência, mas insistem em fundir-nos com eles.
A exposição vai até o dia 19 de outubro. A Portas Vilaseca Galeria fica na Rua Dona Mariana, 137, casa 2 – Botafogo. Funcionamento: de segunda a sexta, de 11h às 19h, e sábado de 11h às 14h. Entrada gratuita.