A ArtRio organizou ontem (9/4), como parte de sua série Conversas ArtRio, uma conversa ao vivo no aplicativo Instagram com o artista e professor Alvaro Seixas (@alvaroseixas). Durante o bate-papo, que começou 19h e durou cerca de uma hora, Seixas comentou sobre suas influências, o momento atual, suas últimas exposições e sua relação com o digital. Dentre essa série de influências, alguns livros, que mantem relação muito forte com o corpo de trabalhos do artista, foram citados. A esse respeito, o artista comenta:
“Fiz questão de fazer esse link específico com a minha produção, todos os livros que elenquei estão diretamente ligados ao meu trabalho. Meu trabalho sempre foi referencial, ele sempre referenciou. A última exposição [“A Importância do Demônio”] estava recheada de referências, inclusive diretamente impressas.”
Para aqueles que não conseguiram anotar, segue a lista dos livros abordados:
Byron’s Romantic Celebrity, Industrial Culture and the Hermeneutic of Intimacy, de Tom Mole
[“A Celebridade Romântica de Byron, cultura industrial e a hermenêutica da intimidade”, em tradução livre] Infelizmente não encontramos uma versão em português. Como o artista comentou na live, esse, que saiu em 2007 pela Universidade de Michigan, não é um livro muito fácil de se achar. Viciado por um tempo no Lord Byron, ele teve a sorte de esbarrar no livro, em geral utilizado no campo da comunicação. O texto reposiciona a celebridade moderna na história argumentando que ela haveria surgido como uma resposta à industrialização da imprensa e que Byron seria um de seus primeiros exemplos, cuidando da própria imagem, ao mesmo tempo que um de seus grandes críticos. Na conversa, o artista mencionou os possíveis desdobramentos do argumento em nossa cultura do Instagram atual e comentou como Byron esteve presente em sua última individual. Link para o Googles Books.
A Desobediência Civil, de Henry David Thoreau
Com inúmeras reedições, esse é um texto bem mais fácil de encontrar, inclusive on-line. Por ser um ensaio, em geral costuma vir seguido de outros textos do autor nas publicações, ou seja, é bem curtinho. Após ser preso por não pagar seus impostos, Thoreau escreveu esse ensaio-manifesto, hoje um clássico cada vez mais em moda, como uma crítica à hipocrisia do seu país, Estados Unidos, em se dizer liberal e adotar políticas autoritárias e imperialistas. O texto incita, como o nome indica, a desobediência civil, uma posição radical na qual o indivíduo desafia e refuta todas as leis que considera injustas. Link para o Google Book.
Diante da dor dos outros, de Susan Sontag
Clássico dos amantes das artes, esse ensaio retoma a pesquisa de Sontag iniciada em “Sobre Fotografia”, dessa vez tomando como ponto de partida as gravuras de Goya. O texto abordará os limites éticos e estéticos de imagens de sofrimento principalmente do ponto de vista de sua recepção. Seu material de análise é amplo e passa por, desde imagens da Primeira e Segunda Guerras e Guerra do Vietnã, a imagens encenadas e do cotidianas dos jornais que ajudam a retomar e traçar um panorama da história do registro da dor dos outros. Seixas toca nesse assunto ao trazer à conversa as perspectivas atuais e futuras da produção artística frente a realidade atual de pandemia. O livro possui pdf e versão on-line. Link para o Google Books.
La importancia del demonio, de José Bergamín
Infelizmente não encontramos edição em português dessa publicação. Menos conhecida que as indicações anteriores, essa foi a obra fundamental e principal influência para a última individual do artista na Galeria Cavalo, chamada justamente “A Importância do Demônio”, do final do ano passado. O ensaio de Bergamín, de 1933, traz uma reflexão sobre como compreender ao demônio seria essencial para a compreensão do mundo. Para ele o demônio está em todas as partes enquanto representação da negação ou do nada ele mesmo, tentando e confundindo nossa percepção das coisas ao nos abrir para a multiplicidade do ser. Link para a Amazon.
_
Na imagem: Vista da individual “A Importância do Demônio”, Galeria Cavalo, 2019