Jonathas de Andrade apresenta obras inéditas e recentes na Nara Roesler São Paulo


Em cartaz na Nara Roesler São Paulo, “Permanência Relâmpago” abrange três conjuntos de obras a que Jonathas de Andrade vem se dedicando nos últimos dois anos, em torno dos jangadeiros da praia de Pajuçara, em Maceió, que navegam em jangadas de madeira e velas tradicionais, levando turistas às piscinas naturais, e os canoeiros do Rio São Francisco, no sertão de Alagoas, próximo à Ilha do Ferro, que usam canoas de velas quadradas duplas de grande escala, notavelmente gráficas, em um circuito de competições de forma recreativa e esportiva. Ambas as manifestações representam culturas náuticas seculares transmitidas de pai para filho, praticadas por comunidades de pescadores e barqueiros, revelando um jogo cultural que tensiona intimamente tradição, patrimônio, turismo e economia.
A exposição oferece ao público uma primeira vista, privilegiada, da pesquisa em andamento para um comissionamento feito em 2023 pelo Victoria and Albert Museum, em Londres, a convite de Catherine Troiano, curadora do departamento de fotografia da instituição. Em novembro de 2025, obras inéditas produzidas por Jonathas de Andrade dentro desta pesquisa serão exibidas no V&A, quando passarão a integrar a coleção do Museu.
Em “Permanência Relâmpago”, Jonathas de Andrade questiona os sistemas em transformação que moldam identidade, trabalho e memória. Suas instalações, filmes e obras conceituais atuam como arquivos vivos, reativando histórias orais, saberes marginalizados e tradições artesanais.
A exposição terá três eixos de trabalhos. Na série “Jangadeiros Alagoanos”, Jonathas de Andrade usa como suporte as velas originais das jangadas marítimas, usadas na praia de Pajuçara, em Maceió, marcadas pelo sol e pelo uso.
No segundo conjunto de trabalhos, “Canoeiros Neoconcretos”, Jonathas de Andrade parte das velas de padrões gráficos ousados utilizados pelos canoeiros do Rio São Francisco, próximo à Ilha do Ferro, paisagem carregada de histórias de seca, migração e sobrevivência no Sertão.
Em outra série, “Puro torpor do transe do sol”, as velas gráficas dos barcos no Rio São Francisco inspiram composições abstratas com pintura automotiva, “dando volume escultórico e objetual aos campos de cor que atravessam o rio, na corrida das canoas e as velas gigantes”, comenta o artista.
O terceiro eixo da exposição é a estreia do filme “Jangadeiros e Canoeiros” (2025, 15′), que terá uma sala especial para sua exibição. A trilha sonora é de Homero Basílio, profícuo percussionista e produtor musical que colaborou em diversos filmes de Jonathas de Andrade.
A Nara Roesler São Paulo fica Avenida Europa, 655. Funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 19h e sábado, das 11h às 15h. Entrada gratuita.