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Entrevista com Rodrigo Sassi, artista participante do SOLO

09/07/2019 - Por ArtRio

Carol Carreteiro faz algumas perguntas ao artista da Central Galeria. 

 

Quando foi que se descobriu artista? Consegue descrever um momento catártico onde percebeu que aquele viria a ser efetivamente seu ofício?
Acredito que minha atuação como artista se deu antes mesmo de eu me reconhecer como tal. Meu interesse na adolescência por grafite, assim como tudo o que a prática englobava, foi o que despertou minha atenção para o que viria a seguir. Mesmo novo e sem intenções profissionais, essa prática me iniciou como artista e, já nessa época, me deparei com questões e problemáticas que me acompanham até hoje, como por exemplo a preocupação em desenvolver algo pessoal e original ou, mesmo questões formais relacionadas a técnica e estética compositiva.
Este envolvimento, ainda que inconsciente, foi o que me direcionou na escolha das Artes Plásticas como curso universitário. Durante este período de formação acadêmica as coisas foram se intensificando e, de maneira orgânica, fui criando meu caminho sem que houvesse um ponto chave entre minha atuação e essa profissionalização.

Existe alguma figura que é sua maior referência no mundo das artes? Se sim, qual é e por quê?
Já tive várias figuras do meio que me serviram de referência, podendo ser tanto um grande artista de reconhecimento mundial, quanto um professor que me direcionou, ou mesmo um artista mais novo que admiro sua obra ou maneira de pensar. Estas referências estão muito relacionadas ao meu momento, sendo difícil pontuar um personagem por tal característica, pois ora estou olhando para o Serra, ora para o Véio.

Qual a função da arte para você?
Para mim a arte é a forma com que o ser humano marca sua presença no mundo através da expressão de ideias, sentimentos e questões relacionadas a sua vivência e experiência em contexto com seu tempo e sociedade.
Vejo a função da arte como um meio para se alcançar uma finalidade não artística, podendo ser vista e valorizada não por si mesma mas por aquilo que ela objetiva, podendo ser direcionada para uma função social, politica, religiosa ou pedagógica. Partindo dessa ideia, a arte serve como ferramenta de formação critica e de conhecimento, atuando por meio de uma representação simbólica do mundo, em outras palavras, a arte tem a capacidade de proporcionar uma forma diferenciada de comunicação ao homem, explicando e descrevendo a história de maneira singular.

Qual sua opinião geral sobre o comportamento do mercado da arte hoje em dia? Se pudesse mudar algo no ciclo do mercado, o que seria?
Na minha opinião, o mercado da arte se apoia em códigos sociais, convenções e dinâmicas de poder entre artistas, galerias, colecionadores, instituições e trabalhadores anônimos que participam desse sistema.
É muito difícil, a partir da posição do artista, sugerir grandes mudanças nesse panorama, visto que grandes galerias internacionais acabam por determinar a narrativa oficial sobre arte contemporânea; e assim, por consequência, a ascensão mercadológica e institucional dos artistas que integram esse circuito.

Poderia contar um pouco sobre a sua pesquisa e prática?
Possível reflexo de uma vida influenciada visualmente por referências provenientes da cidade de São Paulo, como comentado anteriormente, o início da minha trajetória artística é marcado pelo desenvolvimento e prática de grafite e, mais adiante, intervenções urbanas; época que vivenciei e utilizei a cidade como suporte de atuação, reflexão e inspiração para meus trabalhos. Com o passar do tempo esta pesquisa, até então realizada no cenário urbano, se transformou em referência estética e conceitual para um trabalho desenvolvido em atelier, hoje dedicado ao tridimensional.

Tendo como ponto de partida a arquitetura e o cenário urbano, aliado a uma linguagem industrial, minha obra assume como poética o dialogo entre estas referências estéticas e minha relação direta com este entorno, sendo o garimpo de objetos, a reformulação destes materiais e sua ressignificação, parte integrante de minha prática artística. Esta matéria prima que me é oferecida pela cidade, ora mantem suas características originais, ora não, mas sempre se desligam de suas especificidades funcionais e criam sua própria narrativa por meio de uma composição formal, abstrata e ilusória.

Minhas obras expressam a não linearidade, o caos e as constantes transformações que sofrem nosso habitat, de certa forma, refletindo sintomas provenientes de nos mesmos. As composições são livres, irregulares e aparentam seguir uma vontade própria e aleatória, vezes interferindo no espaço criando própria arquitetura, vezes se deixando guiar por ele, atuando como coadjuvante ao referenciar ou adornar características do espaço em que atua.

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