![](https://artrio.com/wp/wp-content/uploads/2024/04/53591585640_3a466e9e94_w.jpg)
![](https://artrio.com/wp/wp-content/uploads/2024/04/53591585640_3a466e9e94_w.jpg)
Fonte de sabedoria, identidade, pertencimento e saúde, os saberes ancestrais da utilização de plantas são o fio condutor para a obra inédita que o artista indígena Denilson Baniwa apresenta no Museu do Jardim Botânico. Com patrocínio master da Shell Brasil e gestão do IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, a instituição destaca a atuação de um dos principais centros de pesquisa botânica da América Latina, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ).
A obra “Muputyra. Nascer em flores” (2023) é inspirada nos livros: “Pimenta Jiquitaia”, de autoria coletiva do povo Baniwa; “Plantas Mestras, tabaco e ayahuasca”, de Jeremy Narby e Rafael Chanchari Pizuri, com ilustrações de Lastenia Canayo, artista Shipibo-Konibo; e “O desenho dos outros, uma etnografia dos sonhos yanomami”, de Hanna Limulja.
”O trabalho do Denilson Baniwa faz um contraponto muito bonito com a exposição permanente, que tem muitas ilustrações botânicas científicas. O artista traz uma outra iconografia, dos seres invisíveis da floresta e uma nova forma de perceber e de representar as plantas”, explica Marina Piquet, da Gerência de Exposições do IDG.
Utilizada nas cozinhas dos índios Baniwa e em seus rituais de iniciação, a Jiquitaia é uma pimenta plantada na Bacia do Rio Içana, por mulheres da comunidade Baniwa, as guardiãs das roças, que cultivam, cuidam das plantas e entoam cânticos de iluminação para que elas cresçam saudáveis e a colheita seja farta. A pimenta também é usada há milênios como proteção contra maus espíritos, purificador de alimentos e antiséptico. O livro de bolso “Pimenta Jiquitaia” traz a sabedoria e tradição das 93 comunidades deste povo que estão localizadas na fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela.
Já o livro de Jeremy Narby e Rafael Chanchari Pizuri, destaca as consideradas “plantas professoras” pelos povos indígenas da Amazônia. Por serem psicoativas, quando ingeridas elas promovem uma alteração dos estados de consciência. A publicação aborda tanto a experimentação e cura, com conexões que se revelam uma outra linguagem além das palavras, quanto os conhecimentos científicos tradicionais.
No terceiro livro “O desejo dos outros: Uma etnografia dos sonhos yanomami”, a autora Hanna Limulja defende que os sonhos para os Yanomami não são desejos inconscientes do sujeito, como descreve a psicanálise: sonhar é habitar outros mundos, deparar com outros seres e, nesses encontros, mobilizar-se pelo desejo dos outros
Trajeto da obra
A instalação de Baniwa se espalha por três espaços do casarão do início do século XX, reestruturado por meio de uma parceria entre o JBRJ, a Shell Brasil e o IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão.
A primeira é uma sala com ilustrações impressas com tecidos pendurados que retratam pensamentos e metáforas sobre a floresta, plantas, flores, seres visíveis e invisíveis que habitam o cotidiano indígena e o atravessam com diferentes realidades. “A ideia desta sala é ser um espaço de exposições temporárias. Periodicamente o museu vai convidar artistas que tenham um trabalho em torno da temática botânica e do mundo das plantas”, explica Marina Piquet.
Na escada do museu, um outro tecido de Denilson Baniwa desce do pé-direito do prédio até o térreo, destacando as dimensões do espaço com fluidez e a iconografia das criaturas reais e inventadas. E no primeiro pavimento, completa o trabalho uma instalação em que quatro bases em acrílico trazem hologramas de flores e seres polinizadores.
O Museu do Jardim Botânico funciona de quinta a terça-feira (fechado às quartas-feiras), das 10h às 17h, com a última entrada às 16h. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso pelo site https://jbrj.eleventickets.com. Acesso pelo Jardim Botânico (Rua Jardim Botânico, 1008).