ArtRio 22 | Programação do Programa MIRA, com curadoria de Victor Gorgulho e Henrique Rondinelli


Começa amanhã a 6ª edição do MIRA, programa dedicado à videoarte e que conta com curadoria de Victor Gorgulho e Henrique Rondinelli, Descubra a seguir a proposta dos curadores e a programação completa, que contará com pré-estreia inédita de filme de Rubens Gerchman, organizada por dia.
Pretérito Futuro | MIRA 14 – 18 de setembro na ArtRio 2022
Curadoria Victor Gorgulho | Co-curadoria Henrique Rondinelli
Quarta 14/07 – 20h
Rubens Gerchman
Obra: O Rei do Mau Gosto, 2022, filme de Pedro Rossi e consultoria de Clara Gerchman. Pré-estreia do filme, ainda inédito.
Duração: 1h06min.
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Quinta 15/07 – 20h
Anna Bella Geiger
Obra: Local de ação, 1978
Duração: 1min
Antônio Carlos
Obra: Ver-Ouvir e Heitor dos Prazeres
Duração: 25min e 13min
Claudio Tozzi
Obra: 800, Grama, Fotograma, Seio Original
Duração: 16min
Carlos Nader (Galeria Lume)
Obra: Segredo
Duração: 16min
Mercedes Lachmann (Galeria Gaby Índio da Costa)
Obra: BrazIll
Duração: 8min45s
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Sexta 16/07 – 20h
Luiz Roque
Obra: S, 2017
Duração: 5min
Davi Pontes & Wallace Ferreira
Obra: Repertório nº 2, 2022, videoperformance de Davi Pontes e Wallace Ferreira
Duração: 19min
Irmãs Brasil
Obra: Irmãs Brasil, 2022, filme de Vini Ventania e Vitória Jovem pela produtora Filmes do Fauno.
Duração: 19min56s
Bárbara Wagner & Benjamin de Burca
Obra: Bye Bye Deutschland!, 2017, filme de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.
Duração: 22min
Matheus Varaschin
Obra: Pintácomeu, 2021, filme idealizado e criado por Matheus Varschin.
Duração: 5min5s
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Sábado 17/07 – 20h
Katia Maciel (Galeria Zipper)
Obra: seleção de vídeos, 2000-2022
Duração: 25min
Gabriel Ribeiro
Obra: Algo na Paisagem, 2017
Duração: 4min.
Maia Gama e Lucas Vaz
Obra: Sua vida e seu destino, 2022, filme de Maia Gama e Lucas Vaz
Duração: 09min.
Coletivo Flanantes
Obra: Forma Induzida, 2019, filme de Lucca Narracci e Ricardo Kalil.
Duração: 9min.
Marcelo Moscheta
Obra: Pau-Brasil, 2021
Duração: 3min
Ana Hortides (ArteFasam)
Obra: –
Duração: –
Frederico Fillipi
Obra: asdlfkjawea [apapaatai],
Duração: 3min48s
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Domingo 18/07 – 19h
Valentina Rosset (Pena Capital)
Obra: amor, Digital (iPhone). São Paulo, Brasil. 2021. dias, Super 8mm, digitalizado. São Paulo, Brasil. 2021. Três Movimentos e um Tropeço para Pianistas
10 ’03”, 16mm e Super 8mm, digitalizado. Santa Clarita, Califórnia, EUA. 2022.
Intérprete e pianista: Jack Dettling – Seleção de três curtas de Valentina Rosset pelo coletivo independente de cinema Pena Capital
Duração: 3min e 31s, 3min e 09s e 10min e 03s
Neil Beloufa
Obra: Screen Talk, Episode 2 and Episode 3
Duração: 6min e 3’39’
Janaina Wagner
Obra: Estrada, Fantasmas, 2021, videoperformance de Janaína Wagner
Duração: 10min
Rubiane Maia (Galeria Matias Brotas)
Obra: Janela Temporária e Baile, 2017 e 2016, videoperformances de Rubiane Maia
Duração: 5min18s
Pretérito Futuro
Curadoria Victor Gorgulho | Co-curadoria Henrique Rondinelli
Nas décadas de 1960 e 1980 novos suportes de gravação de vídeo operaram uma verdadeira revolução no campo da arte. Novos aparatos tecnológicos permitiram uma produção audiovisual mais atomizada nas mãos de indivíduos, artistas e coletivos. Como resultado, um acervo se formou; muitas vezes questionando os limites entre criação artística e documentos históricos. Testemunhos de uma época – não só pelos registros das nossas cidades, espaços íntimos ou públicos; mas também pela maneira como o manuseio dessas mídias retratava, também, uma certa “subjetividade do artista” por trás da tela.
Nos dias de hoje, a revolução audiovisual é dada não só pela atomização, mas por uma democratização material dos meios de produção de imagem. Atualmente, o mundo é visto, sobretudo, pelas telas. Isso também acarreta um processo de intensa saturação imagética, onde nos encontramos rodeados por estímulos de toda sorte, disparados por telas de tamanhos e resoluções cada vez mais vertiginosos. A questão da “subjetividade por trás da tela” nunca nos pareceu tão difícil de responder, ou, pelo menos, nunca tão distante de uma só resposta.
Entender as mudanças que ocorreram nesse intervalo geracional nos parece, agora, uma investigação não somente audiovisual, mas quase antropológica: o ser humano a retratar a sua própria imagem. Nessa chave, a produção do presente já é prontamente documental e a do passado ainda é radicalmente contemporânea. E dessa costura temporal, é possível extrair um pouco daquilo que compõe o tecido de nossa realidade cultural, psicológica, urbana e social.
A seleção de vídeos e filmes do MIRA 2022 estabelece relações entre obras históricas realizadas no campo do vídeo e dos experimentos fílmicos com produções contemporâneas realizadas em meios dos mais diversos: câmeras portáteis, smartphones e afins. Através de exibições diárias no Pavilhão Mar, Pretérito Futuro busca investigar o que mudou e também o que permanece precisamente o mesmo — seja em obras de artistas de trajetórias longas e estabelecidas, quanto na incessante produção de imagens daqueles que surgem, agora, no circuito da arte contemporânea brasileira.
Se “hoje é sempre ontem”, reafirmamos aqui a capacidade da arte de mirar o seu próprio tempo através de um espelho retrovisor. Sondando tudo aquilo que fica para trás, mas, sobretudo, mantendo os olhos fixos no horizonte por vir. Apesar da névoa que teima em encobri-lo, talvez seja ela, a arte, a única capaz de dissipar a nebulosidade que esconde um novo amanhã que, sabemos, sempre vem.
Victor Gorgulho (Rio de Janeiro, 1991) é curador, jornalista e pesquisador. Graduado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ e mestrando em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio.
Curou as exposições Vivemos na melhor cidade da América do Sul, junto com Bernardo José de Souza (Átomos, Rio de Janeiro, 2016 e Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, 2017); O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir (Despina, Rio de Janeiro, 2017); Eu sempre sonhei com um incêndio no museu – Laura Lima & Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck (Rio de Janeiro, 2018); Perdona que no te crea (Fortes D’Aloia & Gabriel, Rio de Janeiro, 2019). Co-curador, com Keyna Eleison, da exposição Escrito no Corpo, em exibição na Carpintaria, no Rio de Janeiro, até fevereiro de 2021.
Desde 2019 é o curador do MIRA, programa de videoarte da ArtRio. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi. No Cineclube do espaço, já promoveu a exibição de filmes e conversas com artistas como Cristiano Lenhardt, DISTRUKTUR e Karim Aïnouz.
Como jornalista, foi editor assistente de cultura do Jornal do Brasil (2014-2017) e hoje colabora com veículos como o El País Brasil. Co-organizador, junto da crítica e curadora Luisa Duarte, do livro No tremor do mundo – Ensaios e entrevistas à luz da pandemia (Editora Cobogó, 2020). Curador convidado Pivô Satélite 2021 #2
Henrique Rondinelli é doutorando em filosofia pela UFRJ, pesquisador e ensaísta. Sua pesquisa desdobra-se em artigos, exposições e projetos culturais que se articulam no circuito da arte contemporânea, da música, da literatura e do jornalismo. Recentemente, assinou a co-curadoria, junto do curador Victor Gorgulho, da exposição coletiva “Um corpo que cai”, na Galeria Jaqueline Martins, em São Paulo. Este ano, estreia como co-curador do MIRA, programa de exibição de filmes e vídeos de arte da ArtRio, também junto de Gorgulho, à frente do programa há quatro edições.