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André Griffo na Galeria Athena

08/09/2019 - Por ArtRio

A Galeria Athena apresenta, a partir de 12 de setembro, a exposição individual “A quem devo pagar minha indulgência?”, do artista visual André Griffo. São 11 pinturas inéditas que ocupam todo o espaço expositivo da galeria. Produzidas neste ano, as obras são resultados da pesquisa do artista que relaciona questões sociais à História da Arte e da Arquitetura. Religião, poder e violência são alguns dos temas centrais dos trabalhos.

As pinturas selecionadas especialmente para a exposição apontam o interesse de Grio pela apropriação de espaços que, embora não se revelem identificáveis num primeiro olhar, são criados e impregnados com elementos contemporâneos. Lugares inabitados, de passagem ou mesmo pinturas ícones da História da Arte ocidental são recriados pictoricamente pelo artista, que os recontextualiza para a conjuntura atual.

De acordo com o artista, “ao cruzar informações, tento falar sobre a estrutura social e religiosa, eventos políticos recentes, e, principalmente, valores historicamente consolidados”.

Trabalhos em exposição
Na sala Cubo, com cerca de 140 m2 e 6,5 m de pé direito, estarão sete grandes pinturas predominantemente em óleo sobre tela. Os títulos das obras remetem ao enfoque que o artista escolheu: poder, glória, pecado, começo e fim, sorte e azar, entre outros. Todos essas temáticas fazem parte de uma liturgia religiosa que na exposição ganham um tom crítico e de contestação.

A quem devo pagar minha indulgência? é a pergunta título da exposição e de uma das pinturas, cujo pano de fundo é um espaço público do cotidiano com a questão pichada na parede. Durante a Idade Média, a Igreja Católica, que detinha um enorme poder político e econômico, ficou conhecida pela venda de indulgências, ou seja, concedia o perdão divino para qualquer pessoa que pagasse por isso. Trazendo para o contexto atual, o artista questiona quem são os outros com quem estamos em dívida e a quais poderes e controles sociais estamos submetidos diariamente.

Para isso, André Grio resignifica lugares impregnados pela passagem do tempo, adicionando a eles símbolos e signos contemporâneos que destacam as problemáticas cotidianas. Aparecem atributos da segurança pública e da violência, como o brasão da Polícia Civil e punhos com arma; símbolos da religião, como oratórios e imagens de pastores; signos da prostituição, com anúncios colados em paredes; entre outros tipos de ícones que dizem respeito à realidade atual.

Já na sala Casa, expõem-se quatro pinturas da série “Anunciação Vazia”, uma releitura dos tradicionais afrescos da Anunciação do pintor renascentista Fra Angélico. Nessa série, André Griffo propõe a representação dos espaços renascentistas clássicos sem a presença dos personagens originais. Como são conhecidas, as anunciações narram a história do anjo Gabriel no momento em que revela à Maria que ela fora escolhida para ser mãe de Cristo. Ao suprimir as figuras, o espaço vazio dirige a atenção para a arquitetura. Em contrapartida, o título da obra enaltece o elemento chave desta série: a assimilação da anunciação vazia traz à tona a crença na existência de um poder ou princípio superior, fundamentada a partir de uma narração imaginária.

A fim de incitar confrontos e comparações de diferentes momentos da nossa história, bem como expor
valores enraizados, “os trabalhos permitem expor os pensamentos dos indivíduos de uma determinada sociedade, seus valores e mudanças, e, em certas ocasiões, testemunhar a imutabilidade das coisas”, conforme afirma Griffo.

A mostra vai até 19 de outubro. A Galeria Athena fica Rua Estácio Coimbra, 50 – Botafogo. Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 11h às 19h. Sábado, das 12h às 17h. Entrada gratuita.

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