À sombra do pó das estrelas é a primeira exposição individual de Amilcar de Castro na Almeida & Dale. Sob curadoria de Cristiano Raimondi, a mostra apresenta uma seleção de obras do artista mineiro falecido em 2002, um dos pilares da escultura contemporânea brasileira.

Reconhecido como um dos principais expoentes do concretismo, Amilcar de Castro revolucionou a arte tridimensional brasileira, empregando operações de corte e dobra sobre chapas metálicas. A partir desses movimentos aparentemente simples, suas esculturas adquirem formas diversas, apontando para a complexidade que resulta de um pensamento sintético.

Nesta nova exposição, leituras historicizadas ou formais já estabelecidas sobre a obra do artista se somam a um olhar que privilegia a metáfora, a poesia e referências insuspeitas. Unindo teoria da arte, cultura pop e uma narrativa fabular, a mostra na Almeida & Dale traça conexões que reforçam a permanência e atualidade do trabalho do artista e a ligação quase essencial entre ele e sua prática.

“O que se atesta no contato com esse corpo de obras é o liame entre Amilcar de Castro e o ferro. Resistindo, ambos, ao teste do tempo, eles não se deterioram sob a ação dos elementos climáticos, os incorporando para a transformação de sua matéria e sentidos”, escreve Raimondi. “No contato com a obra de Amilcar de Castro, se pode ensaiar um olhar não historicizado ou alinhado a teorias formais já fundamentadas.”

Esse percurso é formado pelas renomadas esculturas, que abrangem peças que atingem de quatro metros até modestos 16 centímetros de altura. Por sua vez, os desenhos e telas dão a ver a continuidade no raciocínio do artista, apresentados tanto como suportes para esboços e experimentação quanto como obras autônomas. É o caso de Tela 465, da década de 1980, e outra pintura, da década anterior, que medem mais de dois metros de comprimento, nas quais a gestualidade e o uso da cor se destacam. Por outro lado, trabalhos menores em papel demonstram como o vazio e a relação com o espaço se manifestam nas partes deixadas em branco pelo artista.

A despeito do suporte, as obras demonstram uma prática artística coesa e experimental e, na exposição, se conectam, ainda, por um jogo de aproximações e de sombras projetadas no espaço, em uma proposta que busca “envolver o público em um mundo de signos e linhas cuidadosamente organizados, liberando-o para interpretações alegóricas e filosóficas, com o objetivo de convocar afinidades entre a escultura, a pintura e o espectador”.

A Almeida & Dale fica na Rua Fradique Coutinho 1360 | 1430 -São Paulo. Funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábados, das 11h às 16h. Entrada gratuita.