Palco Instituto Cultural Vale | Conversas: Artistas do programa SOLO (parte 2), com Bruno Faria, representante do espólio do artista Antonio Maluf), Alberto Pitta e Rommulo Vieira Conceição e mediação de Ademar Britto
Natural do Recife (1981), Bruno Faria ainda vive e trabalha na capital pernambucana. Seus projetos partem de investigações a contextos específicos e são apresentados em diferentes mídias como fotografia, instalação, intervenção, escultura, publicação ou outras mídias. Suas obras trazem questões críticas relacionadas ao espaço público, à arquitetura, e sobretudo, seu olhar sobre o mundo, por meio de pesquisas históricas. Possui obras em importantes coleções públicas como Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte do Rio, Museu de Arte da Pampulha, Centro Cultural São Paulo entre outras.
Thiago Maluf, representante do Projeto Antonio Maluf. Filho de libaneses, o paulistano Antonio Maluf (1926-2005) iniciou sua produção artística no fim da década de 1940, quando trocou a faculdade de Engenharia Civil pela Escola Livre de Artes Plásticas de São Paulo. Nessa época, também começou a frequentar os ateliês dos pintores Waldemar da Costa e Samson Flexor e os cursos livres de desenho e gravura do Museu de Arte de São Paulo. Em 1951, iniciou o curso de desenho industrial do Instituto de Arte Contemporânea do MASP, tendo contato com professores ligados à Nova Bauhaus de Chicago, como a arquiteta Lina Bo Bardi e o designer Roberto Sambonet. Ainda nesse ano, venceu o concurso de cartazes para a I Bienal de São Paulo com um dos primeiros trabalhos concretos realizados no país — hoje tido como um marco na história do design gráfico brasileiro. Ao longo das décadas seguintes, criou logos, cartazes e padrões de estamparia, integrando sua obra gráfica a grandes projetos arquitetônicos.
Alberto Pitta tem como elemento central de seu trabalho a estamparia têxtil e a serigrafia, embora nos últimos anos, também tenha se dedicado à pintura e a obras escultóricas. Com mais de 40 anos de carreira, sua produção é muito ligada a festividades populares e, em diálogo com outras linguagens, como a indumentária. Seu trabalho tem uma forte dimensão pública, tendo sido o autor de estamparias presentes em blocos afro do carnaval como o Olodum, Filhos de Gandhy e o seu próprio, o Cortejo Afro. As estampas criadas pelo artista apresentam signos que evocam elementos tradicionais africanos e afro-diaspóricos, em especial os oriundos da mitologia Iorubá, muito presente em Salvador e no recôncavo baiano
Levando em conta o conceito de espaço físico, Rommulo Vieira Conceição problematiza as categorias de moderno e contemporâneo partindo da distinção entre espaço e lugar. Lugares são historicamente identificados segundo a atividade praticada em cada um deles. Mas, na medida em que o mundo globalizado atravessa um processo de complexificação das relações econômicas, Rommulo coloca em xeque a transformação do lugar em espaço abstrato. Se a modernidade foi dominada por uma obsessão funcional, o artista mobiliza espaços com vocação à permanência e à disfuncionalidade. São arcos que não sustentam nada, janelas que dão em lugar nenhum. O espaço é permanente, mas o tempo guarda fugacidade. Investigar o espaço público é questionar sobre quem, afinal, viveu o espaço moderno.
19h00 - 20h00