Palco Instituto Cultural Vale | Conversas: Projeto Múltiplos Inhotim apresenta Panmela Castro e Arjan Martins

Desde 2018, o Inhotim convida artistas brasileiros que fazem parte do acervo do Instituto para pensar obras inéditas. O programa é fruto de um desdobramento do Patronos Inhotim, que editou obras de Luiz Zerbini, e seguiu nos anos seguintes com trabalhos de Laura Vinci e Marcius Galan.

Na terceira edição do Múltiplos Inhotim, dois novos artistas que estão com trabalhos em exibição no Instituto participam do projeto, que, além de fomentar a produção artística e o colecionismo, contribui para a manutenção do Inhotim.

Arjan Martins, artista brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Nas obras de Arjan Martins (Rio de Janeiro) os conceitos sobre migrações e outros deslocamentos de corpos e presenças entre espaços de luta e poder são latentes. Arjan elabora uma análise artística em tempo supra-real, sua imagética e a expressão de suas pulsões trabalham e reagem aos símbolos do período das expansões marítimas e da escravidão dos corpos negros como marcas desse tempo.
Para o projeto Múltiplos Inhotim, Arjan Martins apresenta a obra Birutas: Lima, Papa, X-Ray, 2023. O trio de birutas, ao mesmo tempo que indica a direção dos ventos, se fundem a bandeiras marítimas e seus códigos internacionais para transmitir mensagens entre embarcações e portos. Na obra ele trata do trânsito de corpos através dos oceanos, do tráfico de pessoas escravizadas e das diásporas causadas pelos movimentos coloniais.

Panmela Castro (Rio de Janeiro, 1981) é uma artista e ativista que se dedica ao fim da violência de gênero e etnia, especialmente agindo pela ocupação de mulheres, negros, pessoas LGBTQIAP+, com deficiência e povos originários nos espaços de poder e suas participações nos processos decisórios sobre questões urgentes relativas à sustentabilidade do planeta, como o aquecimento global e finitude dos recursos naturais.
Pensar no outro, nas próximas gerações e no futuro da nossa casa comum é o ponto de partida da proposição da artista Panmela Castro para a criação do Múltiplo Inhotim, em colaboração com o Educativo do Instituto. A artista desenvolve uma coleção de pixos sob material reluzente, criando um paralelo entre as relações de alteridade do escrito abandonado para o outro, e a empatia lembrada pelo reflexo de si mesmo nesta posição de quem recebe a mensagem.

Deri Andrade é Curador assistente no Instituto Inhotim, pesquisador e jornalista. Mestrando em Estética e História da Arte (Universidade de São Paulo - USP), especialista em Cultura, Educação e Relações Étnico-raciais (CELACC - Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação - USP) e formado em Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo (Centro Universitário Tiradentes - Unit). Curou exposições individuais e coletivas no Brasil e em países como Inglaterra e Itália. Interessa-se por arte contemporânea, com foco nas poéticas de artistas negros/as/es e desenvolveu a plataforma Projeto Afro, resultado de um mapeamento de artistas negros/as/es em âmbito nacional. Tem passagens por instituições culturais, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, a Unibes Cultural e o Instituto Brincante.