Galeria Athena | Noitinha, de Eduardo Baltazar
A palavra “noitinha” carrega um sentido, de certa forma, intervalar. Talvez o que mais ressoe, diante do uso desse nome para esta exposição individual, seja o seu sentido vernacular. “Noitinha” ecoa a partir de um lugar coloquial e corriqueiro, e, por isso, também afetivo e quente. Esse entremeio, no passar dos dias, está relacionado a específicas disposições de luz e ao efeito das cores no céu e no horizonte.
Vernacular também é a atmosfera do conto que dá título à série de pinturas aqui dispostas. “Terceira margem” é parte do título de um conto misterioso de Guimarães Rosa, em que um pai, no interior do Brasil, abandona tudo para viver isolado no meio do rio, em uma canoa construída por ele próprio. A narrativa é permeada pela descrição do narrador, o filho, que atravessa constantemente a escolha do pai – figura que, em meio a essa atitude surpreendente, se hibridiza, tornando-se meio bicho, meio gente.
Na série de Eduardo Baltazar, composta majoritariamente por pinturas em pequeno formato, a prática não se baseia na observação no sentido clássico, mas de um trabalho que utiliza a matéria da memória. A densidade mnemônica torna-se, em sua produção, uma tentativa não só de fazer a memória reluzir, mas de situar a lembrança e o pensamento em um espaço permeado por consciente e inconsciente, luz e sombra.
Noitinha, de Eduardo Baltazar
Galeria Athena | Rua Estácio Coimbra 50, Botafogo, Rio de Janeiro
Abertura: quinta, 28 novembro, das 19h às 22h
Horário: de terça a sexta: 11h às 19h | Sábado: 12h às 17h
Entrada gratuita