Casa Triângulo | Cenizas de Mañana, individual de Matias Duville
As figuras humanas são quase completamente ausentes do universo do artista argentino, e é significativo que quando aparecem, como em Ciencia Folk (2024), elas estejam “em outro plano, não exatamente lá”. O aspecto mais curioso dessa ausência é que na maioria das obras de Duville, sejam elas pinturas, desenhos ou instalações, a paisagem é deserta, mas os rastos da passagem e da ação humana estão por todas parte: árvores cortadas, objetos em desuso, arquiteturas obsolescentes, tudo indica que alguém esteve lá e participou ativamente da construção do cenário que agora podemos observar.
O lugar do artista também é o de alguém que acabou de chegar, que observa as coisas e as descreve. A primeira impressão, ao se deparar com essas paisagens, é que o artista está representando, com o objetivo de criar uma crítica contundente e ineludível a partir de uma perspectiva ecológica, um mundo pós-apocalíptico, em que as piores previsões (todas elas, diga-se de passagem, a cada dia mais plausíveis) se tornaram realidade. Mas a relação do próprio artista com o universo que, há quase trinta anos, vem representando, é mais complexa, e certamente “não se reduz à vontade de representar o que está acontecendo com o planeta”.
Cenizas de Mañana, individual de Matias Duville
Casa Triângulo | Rua Estados Unidos 1324 . Jardins
Abertura: sábado, 10 de agosto, das 14h às 18h
Funcionamento: de terça a sexta das 11h às 19h.
Sábado das 11h às 17h.
Entrada gratuita.