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Tropigalpão | Gente que chama o vento, de Rafael Prado

09/11/2025 - Por ArtRio

O Tropicalpão recebe, a partir do sábado, dia 15 de novembro, a exposição “Gente que chama o vento”, do artista visual rondonense Rafael Prado (1989). A mostra reúne pinturas desenvolvidas ao longo dos últimos quatro anos, da série “Povos amazônicos não morrem, viram-se a mente”, nos quais ele retrata ativistas da floresta que foram mortos, renascidos como árvores e espíritos protetores.

“Eu coloco uma questão quase como que uma encantaria, uma mitologia da região, dessas pessoas que são enterradas e nas telas se transformam em árvores e passam a ser guardiões. E os trabalhos acabam misturando pintura de retrato com pintura de paisagem, geralmente dois gêneros de arte são colocados em prateleiras diferentes”, explica o artista.

Duas obras fundamentais da mostra surgem de uma memória de infância de Rafael, quando criança em Rondônia. Porto Velho foi uma cidade criada para abastecer e escoar a produção da borracha, cujo ciclo teve seu auge em 1913. Para isso, foi construída a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, desativada anos depois pela decadência resultante da concorrência das plantações de seringueiras na Ásia. Durante a década de 1990, ele foi reativado novamente para o passeio turístico. Com 5, 6 anos de idade, ele foi com sua família passear nesse trem à vapor, em um trajeto que ia até a  Capela de Santo Antônio, no município de Guaparé.

“A gente andou margeando o rio, com os barulhos da máquina, da água e da mata. E quando chegamos no alto de um pequeno morro, onde fica a capela, eu tive a impressão de já ter ido naquele lugar antes. Eu tenho a memória de já ter visto aquele lugar, foi como um sonho, mas de maneira diferente, quando ainda existiam árvores gigantes no entorno. Eu perguntei à minha mãe o que fizeram com as árvores, porque elas foram cortadas. E ao lembrar disso, pensei sobre essa colonização da região amazônica e pessoas que defendem a floresta”, explica.

O título da exposição, “Gente que chama o Vento”, é retirado de um trecho do poema “Raiz” do Elizeu Braga, vem da ideia de que há pessoas que mantêm uma relação viva com as forças da natureza, é um gesto de quem conversa com o invisível, de quem mantém vínculos antigos com o mundo espiritual e com os elementos da floresta. A exposição reforça essa fala e a existência desses corpos que invocam os espíritos através do vento.

​​Segundo a curadora Sandra Benites, “Esta exposição traz estes corpos que são carne, que são entendidos por nós como terra. A carne é a nossa terra. E nossos espíritos, que continuam permanecendo mesmo que tombados, se tornaram terra de novo e continuam protegendo os espaços, as árvores, os rios. Continuam pairando e regando todas essas espécies através do vento. Por isso, o vento é como o ar que a gente respira, o nosso respiro. A gente chama putu, quer dizer, nosso respiro”.

No dia da abertura, o poeta ribeirinho Eliseu Braga fará uma apresentação às 16 horas de um texto que dialoga com as obras de Rafael Prado. 

Gente que chama o Vento, de Rafael Prado
Tropigalpão | Rua Benjamin Constant 118, Glória, Rio de Janeiro
Abertura: sábado, 15 de novembro, das 13h às 18h
Período de visitação: 16 de novembro a 18 de dezembro
Funcionamento: de quarta a sábado, das 13h às 18h.
Entrada gratuita

 

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