CCBB RJ | Manguezal, coletiva
O manguezal é revelado como símbolo de vida, resistência e ancestralidade. A curadoria propõe um mergulho no ecossistema por meio de múltiplas linguagens e gerações de artistas, reunindo cerca de 50 obras de 25 nomes fundamentais da arte brasileira. Partindo da pesquisa fotográfica de Enrico Marone, a mostra dialoga com trabalhos que reinterpretam o mangue como espaço vital, poético e político.
O tema atravessa a história da arte brasileira. O modernista Lasar Segall retratou a antiga zona de mangue no Rio de Janeiro, região central na formação do samba e do urbanismo carioca. Décadas depois, Hélio Oiticica ressignificou o mangue em seus jogos linguísticos, unindo “mangue” e “bangue” em crítica à violência urbana. Ambas as abordagens evidenciam a persistência e relevância do tema ao longo do tempo.
Na arte contemporânea, artistas racializados, negros e indígenas retomam o manguezal como território simbólico e material. A argila, presente no ecossistema, ganha destaque como matéria ancestral e poética, como no trabalho da baiana Annia Rízia, que cria seres míticos em cerâmica, evocando espiritualidade e memória.
Outro destaque é a instalação site-specific de Gabriel Haddad e Leonardo Bora, baseada nas caruanas — seres encantados que habitam os manguezais, presentes na mitologia indígena brasileira. A obra amplia o imaginário do manguezal como espaço de encantamento, oralidade e criação coletiva.
Entre os demais artistas da mostra estão: Ygor Landarin, Lucélia Maciel, Azizi Cypriano, Almir Lemos, Aislane Nobre, Gabriella Marinho, Abelardo da Hora, Ayrson Heráclito, Carybé, Celeida Tostes, Marcel Gautherot, Frans Post, Maureen Bisilliat, Marcone Moreira, Uýra (Prêmio FOCO ArtRio), Ganhadeiras de Itapuã e Enrico Marone, todos atuando em diversas linguagens e expressões, ampliando o diálogo entre arte, ciência, cultura e meio ambiente.
Manguezal, coletiva
CCBB RJ | Rua Primeiro de Março, 66 – 1º andar – Centro
Exposição: de 29 de outubro de 2025 a 02 de fevereiro de 2026
De quarta a segunda, das 9h às 20h. Fechado às terças-feiras.
Ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB – bb.com.br/cultura.
Entrada gratuita