
Sobre a obra
sem tituloPoeta, artista plástico, arquiteto, urbanista, professor, designer de interiores, designer gráfico. A multiplicidade de áreas de formação e a dedicação de Ridyas à pesquisa e à investigação se convertem em composições que transcendem a poesia, a gravura, a instalação.
Ficha técnica
A Central participa da Frieze New York com o projeto solo dddcay, de C. L. Salvaro. O estande integra o setor Focus, curado por Lumi Tan, voltado a galerias jovens e à visibilidade de artistas emergentes.
Num corredor movimentado de feira de arte, Salvaro desloca o olhar direcionado ao horizonte para o que está suspenso, acima dos olhos. dddcay se apresenta como um projeto instalativo. Nas paredes, flutuam peças de resina, poliuretano, fibra de vidro, areia e cimento, sob camadas de rede de nylon tensionadas no retângulo do estande — com alguns pontos de areia fixados nelas, formam-se teias geométricas.
As obras de Salvaro se desenvolvem em uma cadeia de processos. Materiais encontrados e deslocados pelo artista se justapõem e se fragmentam em novos objetos. As obras parecem ter sido encontradas num canteiro de obras na cidade ou na parte alta de uma praia; areia, vidro, cimento e fragmentos de formas orgânicas se entremeiam em garrafas plásticas. Na operação desenvolvida há um equilíbrio sutil e sensível entre a constatação material e formal dos objetos e o flerte com a ruína e o decaimento próprios da ação do tempo e realçadas por Salvaro.
Em seu vocabulário visual coabitam desde o papelão ondulado usado em embalagens em envios de mercadorias internacionais às redes utilizadas na pescaria artesanal. Como quimeras, suas obras indicam uma natureza já indissociada da presença humana: o carpete que vira grama, o meio bicho meio fruto, um ouriço do mar plástico, assim por diante. A ambiguidade, interesse fundamental na prática de Salvaro, talvez se apresente aqui justamente no jogo entre sintético e natural. O que nesses seres restam do que um dia foi matéria orgânica? Eles um dia foram vivos?
Como fragmentos de ruínas de um mundo onde não há mais natureza selvagem, as obras
criam um hiato em seu próprio tempo - o acaso, as catástrofes climáticas mundiais, toda destruição em curso, se cruzam na vida do artista nas sutilezas do ordinário.
Certa vez, numa conversa de C. L. Salvaro na ocasião de uma de suas exposições individuais, o artista comenta a constância do uso do concreto em suas obras. “O concreto é a decadência do mundo em que vivemos, mas, ao mesmo tempo, é a realidade em que estamos inseridos”. Questionado sobre o papel que a arte poderia desempenhar contra o colapso sistemático em curso, ele desconsidera uma possível potência transformadora, mas reconhece o espaço que a arte possui para a destruição controlada. Em dddcay, as estratégias de Salvaro se aproximam a de um biólogo vegetal, dissecando e dissociando organismos de um futuro incerto.
Sobre o artista
RidyasParte da segunda geração de poetas concretos, Ridyas é autor de uma obra potente, ainda que breve – o artista faleceu precocemente aos 30 anos. Sua pesquisa combina estudos de semiótica, design e teoria da informação, procurando se distanciar da arbitrariedade material da escrita para explorar as relações possíveis entre significado e espaço. Sob a forma de poemas visuais marcados pela linguagem sintética, seus trabalhos se desdobram em pinturas, gravuras, esculturas e instalações.
Central Galeria
São Paulo / SPNa Central celebramos a criatividade, a tolerância e a diversidade. Buscamos ser um espaço inclusivo online e offline. Representamos artistas cujas poéticas orbitam o universo da arquitetura e exploram a relação entre sujeito e paisagem urbana sob uma perspectiva decolonial. Temos o compromisso de difundir reflexões sobre a arte contemporânea com um programa que visa transbordar do espaço expositivo para seu entorno – seja através de exposições, conversas, publicações ou projetos especiais.