Sobre a obra
Sem títuloFicha técnica
Óleo sobre tela | Oil on canvas
Sobre o artista
Rafael PereiraRafael Pereira 1986, São Paulo - SP. Vive e trabalha em Caraguatatuba - SP. Desde 2010, Rafael Pereira dedica-se exclusivamente à prática artística, que encontra na pintura o seu principal foco de interesse. De forma autodidata, desenvolveu uma linguagem própria de retratar as coisas do mundo ao seu redor, que emergem para a tela como num esvaziamento de si mesmo, promovendo um encontro com um eu até então desconhecido. Esse repertório iconográfico próprio serve de matéria prima para criar novas narrativas para seus retratos, paisagens e naturezas mortas, já que o artista se faz valer do peso histórico desses gêneros clássicos da pintura ocidental para revisitar ambientes dos quais visitou, as paisagens que já observou e as pessoas que conheceu. Segundo ele, uma maneira de unir dois tempos: o passado e o presente. Seu processo de criação acontece de maneira espontânea. A experimentação impõe o ritmo de produção, que não sofre limites ou regras predeterminadas. As cores, eleitas num primeiro momento pelo artista, ditam o caminho e dão forma às ideias de figuração, que até então residiam apenas em sua memória. As possibilidades cromáticas encantam e inspiram Rafael Pereira na busca pela tonalidade ideal, o que torna cada detalhe único dentro da sua pintura. Embora meticulosamente elaboradas, suas narrativas são construídas com elementos pontuais, harmonizados no campo pictórico através das cores e texturas propostas pelo artista. Elas retratam a forma como ele próprio percebe a realidade e constroem uma visão de mundo particular, onde o contexto é tão importante quanto o objeto principal. Atualmente, o retrato representa grande parte da sua produção, onde a construção de cada personagem parte da memória. Elas são reais, amigos, parentes e conhecidos, mas ganham contornos de ficção por meio de particularidades inventadas por ele. Nesse cenário, tudo é importante e único: cada linha do rosto, cada expressão, cada estampa da roupa, cada textura, cada objeto, cada olhar. Ainda adolescente, em Teófilo Otoni (MG), Rafael Pereira especializou-se no ofício de lapidação de pedras. Com 17 anos de idade, começou a praticar a pintura e o desenho, experimentando com tinta a óleo, giz pastel e nanquim. Com esses anos de experiência aprendeu que confeccionar sua própria tela oferece não apenas autonomia, mas sobretudo uma conexão inicial com o trabalho, importante para abrir os caminhos da composição. Num segundo momento, a superfície do tecido de algodão é impermeabilizada com uma base de tinta acrílica e cola branca, tornando-a pronta para receber as camadas e camadas de tinta a óleo, aplicadas com espátulas e pincéis diferentes, respeitando as texturas específicas que se pretende atingir. Esse processo todo deve ser acompanhado da luminosidade perfeita, já que a luz que incide sobre a tela acaba fazendo parte do corpo da obra. Ela é fundamental para atribuir a ambiência buscada pelo artista para a pintura. Para ele, o ambiente natural de onde reside, Caraguatatuba (litoral norte de São Paulo), é o cenário perfeito. Nos últimos dois anos, Rafael Pereira também tem se dedicado ao desenvolvimento de uma série de pinturas a partir de fundamentos da cosmovisão afro-brasileira. Adepto do Candomblé, religião africana intrinsecamente ligada à natureza, ele se inspira nos ex-votos (esses pequenos objetos doados aos santos católicos como forma de agradecimento pelos pedidos atendidos) para produzir pinturas que retratam cabeças de barro ligadas a símbolos africanos. As cores, nesse caso, seguem uma leve monocromia terrosa para estabelecer uma conexão direta com a terra, o que também remete à importância da cultura dos povos indígenas.
GALERIA ESTAÇÃO
São Paulo / SPCom um acervo entre os pioneiros e mais importantes do país, a Galeria Estação, inaugurada no final de 2004 por Vilma Eid e Roberto Eid Philipp, consagrou-se por revelar e promover a produção de arte brasileira não erudita. A sua atuação foi decisiva pela inclusão dessa linguagem no circuito artístico contemporâneo, ao editar publicações e realizar exposições individuais e coletivas sob o olhar dos principais curadores e críticos do país.