Yuli Yamagata
O trabalho de Yuli Yamagata tem seu ponto de partida na linguagem dos quadrinhos e nos centros de comércio popular – como o Brás e a Rua 25 de Março, em São Paulo –, onde ela reúne uma miscelânea de referências tão diversas quanto ordinárias: das estampas com paisagens ao animal print, do vestuário do crossfit à profusão dos tênis de corrida. A convergência de tais imagens ganha a forma de esculturas e pinturas de uma teatralidade exacerbada, em que o pastiche e a distorção são recursos para lidar com questões sobre gosto, consumo e autoimagem. A costura desempenha a partir daí o papel central. Em um primeiro momento, a própria estampa sugere a forma, em um mecanismo fechado em si mesmo. Nos trabalhos mais recentes, porém, a superfície colorida da lycra dá volume a corpos autônomos e de contornos cartunescos. Lábios lascivos, pernas esguias e unhas afiadas formam um bestiário particular que, apesar de antropomórfico, nunca se revela por completo. Grotescas, rebeldes e dissimuladas, as criaturas de Yamagata aproximam-se de nós à medida que incitam incômodo e desejo. Yuli Yamagata (São Paulo, 1989) vive e trabalha em São Paulo. Entre suas principais exposições individuais estão: Microwave Your Friends, Invitro Gallery (Cluj, Romênia, 2019); Tropical Extravaganza: Paola & Paulina, SESC Niterói (2018); Stickers Album, CCSP (São Paulo, 2016); Sem Cerimônia, MARP (Ribeirão Preto, 2016). Entre as exposições coletivas que participou recentemente, destacam-se: Samba in the Dark, Anton Kern Gallery (New York, 2020); Rocambole, Kunsthalle Lissabon (Lisboa, 2019) e Pivô (São Paulo, 2018); A Burrice dos Homens, Bergamin & Gomide (São Paulo, 2019); Perdona que no te crea, Carpintaria (Rio de Janeiro, 2019).