Valentino Fialdini
Brasil - 1976
Valentino é fotógrafo profissional desde os 20 anos de idade, quando deixou o amor pela gastronomia para os fins de semana e resolveu trabalhar com seu pai, o renomado fotógrafo Rômulo Fialdini. Seu trabalho autoral ganhou mais destaque recentemente a partir da série ?Lego?, na qual o artista utiliza o conhecido brinquedo para construir arquiteturas com seus módulos de encaixe coloridos. O ?Lego? foi criado na Dinamarca nos anos 40 e só chegou ao Brasil na década de 80 quando a geração do artista, nascido em 1976, se encantou e brincou muito com as pecinhas. ?Lego? significa ?brincar bem?, e foi exatamente isso que Valentino fez, brincou muito bem e conseguiu um resultado instigante.
A primeira série - Sem título, 2010 [Legos] pode ser vista no acervo da galeria - consiste em grandes ampliações em metacrilato de um espaço vazio, uma arquitetura que não se sabe onde é e que ao mesmo tempo pode ser qualquer lugar. Não sabemos a escala, nada. A perspectiva nos faz acreditar que é um lugar onde podemos entrar, não temos certeza. Mas é tudo uma ilusão, mágica própria da fotografia, do ângulo correto, da lente especial e de um olhar afiado. Uma questão fica especialmente clara: a cor em profusão que impregna esse espaço artificial, asséptico, brilhante mas pequeno como uma casinha de boneca. Quem habita esse espaço é a cor.
A partir disso, numa busca enérgica por novos caminhos e descobertas, o trabalho de Valentino assume uma vocação pictórica. Depois de visitar incansavelmente várias galerias de arte o artista começa a se preocupar em dissecar o espaço, a luz, o cubo branco que faz do espaço expositivo um lugar neutro onde tudo pode habitar e acontecer temporariamente. Resolveu refazer com as pequenas peças de seu lego o cubo branco da galeria. Surge aqui a série White Cube, composta por cinco fotografias montadas em metacrilato em grande formato e expostas juntas pela primeira vez na AM Galeria de Arte. Aqui fica clara a importância da cor para o artista: ele começa a pintar o espaço, a sala expositiva de brinquedo recebe uma instalação de luz onde a cor emitida por lâmpadas fluorescentes, difusas por um pequeno papel vegetal colocado no teto, invade o lugar e tudo se torna uma cor só.
As fotos são monocromos. Verde, azul, amarelo, vermelho e branco. Sem dúvida um exercício da pintura e da fotografia, um estudo de cor, um estudo de luz. Tudo se completa para o fotógrafo, que procura o melhor ângulo e a melhor luz, mas dessa vez o ângulo é o mesmo, a arquitetura é maquete construida com a imaginação do artista e a luz o dispositivo que pinta as paredes do espaço, o pincel e a tinta.
Nessa direção, na série seguinte, ?Translúcida?, Fialdini intensifica a simulação do espaço com mais colunas, sombras que sugerem pessoas, janelas e portas. E a pintura se torna mais evidente quando o papel vegetal vira parede e várias lâmpadas por detrás se misturam colorindo o espaço.
Valentino quer sair do espaço da maquete onde a experiência do público se realiza apenas a partir da imagem da luz e da cor. Ele quer ir para o espaço real proporcionando um encontro do corpo com o espaço impregnado pela cor que vem da luz. Na mostra White Cube dois estudos de cor feitos especialmente para o espaço podem ser vistos: ?Estudo de cor fluorescente?, no qual 8 lâmpadas fluorescentes pintam a coluna da galeria e ?Estudo de cor transparência? onde um adesivo vermelho transparente cobre toda a fachada de vidro do espaço. Esses dois trabalhos estão presentes para indicar a pesquisa do artista e são apenas o início de uma série de projetos nos quais o discurso pictórico no espaço está presente mas, sem nunca, abandonar a fotografia e a sedução da imagem.
FOTOS DO ESTÚDIO
Fontes:
Foto: http://glamurama.uol.com.br/galeria/zipper-galeria-74246/
Texto: Valentino Fialdini