Shirley Paes Leme
Brasil - 1955
Cachoeira Dourada GO, 1955 | Vive e trabalha em São Paulo
O trabalho de Shirley Paes Leme é feito através de uma carga memorial com o resgate da vivência rural fazendo uso dos objetos da fazenda, principalmente, da cozinha da fazenda (o fogo, a fuligem, a fumaça, a mesa) e do campo (galhos, barro, bananeira), lugares em que a artista nasceu e viveu. Na produção de Shirley as formas de expressão são diversas e incluem instalação, vídeo, desenho, escultura e gravura. Seu interesse está no que a própria artista chamou de "resíduos do mundo" - repetição e singularidade, banalidade e preciosidade, familiaridade e estranheza - as linguagens empregadas por ela são apenas uma forma de lidar com estes resíduos.
Shirley deu aula e alfabetizou os trabalhadores da fazenda em que nasceu aos nove anos de idade, fato que tem influência em seu trabalho até os dias de hoje e justifica a escolha de continuar dando aulas. A artista comenta: "Eu dou aula... como se eu estivesse trabalhando o meu trabalho de arte, porque aula, para mim, é também arte, é fazer arte"
Em 1983 a artista recebeu uma bolsa de estudos e mudou-se para os Estados Unidos, nesta época entrou em contato com materiais e conceitos desconhecidos ainda no Brasil, e se familiarizou com a apropriação e manipulação de objetos na arte. O uso de objetos cotidianos como galhos, linhas e barbantes foi inserido de forma tridimensional e com pouca manipulação, ação esta incomum para os artistas brasileiros na época.
Em 1996 fez uma exposição individual na Galeria Debret, em Paris. Deux Artistes Brasiliense era composta por várias esculturas de gravetos expostas junto com esculturas de Amilcar de Castro, seu colega de classe na graduação em artes plásticas na UFMG, em Minas Gerais. A artista relata que Amilcar sempre a instigou a trabalhar com a linha, seja esta linha expressa pelo desenho, escultura, instalação, etc. Esta referência pode ser vista na exposição de 2002 no Santander Cultural Porto Alegre, Diálogos- "Amilcar de castro - Tangenciando Amílcar", que contava com a mostra do artista e mostras paralelas de outros artistas que tangenciavam Amilcar de Castro em seus trabalhos com linhas. "...os desenhos de fumaça de Shirley são o resultado, o registro de uma série grande de pequenos gestos, de pequenas ações que tentam reter o volátil, o efêmero. Esses seus desenhos possuem uma identidade lírica, delicada, enquanto os de Amilcar tendem sempre ao épico, mesmo quando de pequenas dimensões. ", Tadeu Chiarelli, curador da mostra.
Fontes:
Foto: https://carbonogaleria.com.br/obra/viagens-626#biografia
Texto: https://carbonogaleria.com.br/obra/viagens-626#biografia