Rodrigo Bivar
O pintor Rodrigo Bivar (Brasília, DF – 1981), inicia sua trajetória no começo dos anos 2000, tendo integrado o grupo de artistas 2000e8, ao lado de Ana Elisa Egreja, Bruno Dunley, Marcos Brias, Marina Rheingantz, Regina Parra, Renata De Bonis e Rodolpho Parigi. Os trabalhos deste primeiro momento aproximam-se da figuração, porém com um desejado estranhamento: o ângulo em que as figuras se encontram, a incidência propositalmente rara da luz, a falta de hierarquia entre os elementos. Mais tarde, ao distanciar-se da figuração, Bivar reestrutura a pintura por meio da combinação de formas e massas de cor. Estruturas orbitam pelo espaço pictórico propondo associações variadas. Como afirma o curador Tiago Mesquita, Bivar “trata o patético descompasso entre o que se espera e o que acontece com humor. A pintura para ele parece acontecer quando as pontas soltas se embaraçam e mostram que a exceção se tornou a regra”. Avançando pelos meandros da abstração, o artista Rodrigo Bivar imanta formas tortuosas no espaço da pintura. As combinações não se dão por um lance de dados, mas por infindas tentativas que descrevam as órbitas e poder de atração entre volumes moles. Curvilíneas, as formas não têm começo nem fim, mas, curiosamente, parecem estar na iminência de mutação. Bivar não conduz o olhar por uma narrativa temática ou visual, ao revés, propõe quiçá o maior desafio para a vista ágil contemporânea: reconhecer as coisas por sua simples e, ao mesmo tempo, complexa existência. Os títulos das obras podem apontar caminhos para vê-las, mas as pinturas não parecem representar algo. De todo modo, o artista aponta para um exercício definido pela poetisa Laura Liuzzi como "Ver sem dar sentido [...] Ver a cor sem nomeá-la. Ver a forma sem defini-la. Perceber a diferença e incorpora-la".