Monica Nador
Brasil - 1955
Mônica Panizza Nador (Ribeirão Preto SP 1955).
Mônica Nador queria fazer a revolução. Ela iniciou seus estudos na Faculdade de Arquitetura de São José dos Campos, uma das mais ousadas experiências em formação de arquitetos e urbanistas que já houve no Brasil. Logo em suas primeiras aulas, visitou favelas. Era preciso conhecer a vida do povo, como ele morava, suas necessidades e desejos, e apresentar soluções. Não soluções meramente técnicas, realizadas em pranchetas de escritório, mas soluções combinadas, pactuadas, conversadas com os que habitavam aqueles barracos.
Em São Paulo estudou artes na Fundação Alvares Penteado (FAAP) e aprende História da Arte, Estética e as escolas artísticas. Saindo do curso com pessoas dizendo de sua promissora carreira de artista! Vendeu suas primeiras obras e entrou no circuito de galerias, salões e de exposições em museus. Monica, no período da ditadura vai para o atelier e faz suas obras sintonizada com o aqui e o agora. Experiencias singulars, cheias de repetições de cores e formas, que por meio da repetição iam se transformando em algo novo, a diversidade na identidade. Mas ela queria ir além, pois o atelier não lhe bastava. A moldura era limitante. As galerias eram insuficientes e o pequeno mundo das artes lhe parecia cada vez menor. Fez mestrado em artes na Universidade de São Paulo quando aparece o projeto Paredes Pinturas, propondo uma desconstrução do modelo de arte que ela havia aprendido na academia e nos museus. Mas o que interessava Monica era inserir a produção artistica no fluxo da vida, ir aonde o povo estava. Pois compreendia que as paredes não eram apenas telas gigantes.
Quando chega nas distantes periferias, depois de um longo processo de descobertas, parcerias com os artistas da comunidade, se estabelesce no Jardim Miriam criando o Ponto de Cultura: Jardim Miriam Arte Club (JAMAC). E nestes encontros: Uma artista do circuito das artes ? chamada de Arte, dos museus, salões e galerias ? junta-se aos grafiteiros, artistas da periferia, jovens ativistas, músicos, pintores, dançarinos de rua, clubes de mães, agentes da comunidade etc. Encontram-se e entendem-se em um clube de arte.
Estabelecer contato, comunicar, atrair. Mudar o ângulo, o ponto de vista, surpreender. Fazer sentir. Tirar o fôlego. Provocar vertigem. Se a obra de arte provoca essa ação comunicativa, ela encontra seu sentido. Com o Paredes Pinturas, as casas tornam-se telas, arte e vida se fundem novamente. E surpreendem. Até que um dia, já morando na divisa entre São Paulo e Diadema há alguns anos, amiga de todo mundo, de comerciantes a jovens da quebrada, Mônica recebe um convite para uma plenária de moradores. O convite diz: ?Plenária por uma unidade de saúde no Jardim Miriam e por um polo cultural?. Ela lê, perde o fôlego e guarda o folheto, como uma obra de arte. Uma arte do encontro de um povo que se cultiva e quer ir além. Ela queria fazer a revolução. Fez.
Fontes:
Foto: http://casavogue.globo.com/Colunas/Design-Do-Bom/noticia/2014/09/jamac-autoria-compartilhada-monica-nador.html
Texto: http://barogaleria.com/artist/monica-nador/