Mestre Guarany
Mestre Guarany [Francisco Biquiba dy Lafuente Guarany] 1884 - 1987, Santa Maria da Vitória | Bahia Sexto filho do construtor de barcas Cornélio Biquiba dy Lafuente Guarany, Francisco recebe do pai o apelido de Guarany, por ser bisneto de índia. Aprende a lidar com madeira atuando como ajudante de carpintaria e marcenaria na oficina paterna. Após a morte do pai, trabalha com o imaginário, a sua vasta produção incluindo, além das figuras de santos, altares para igrejas e pequenos oratórios domésticos. Como esse gênero de encomendas era limitado, faz também barris para transporte de água, móveis, madeiramento para telhados. Buscando melhorar de vida, muda-se para Bauru, em 1922, sempre exercendo a marcenaria, e por pouco não se fixa ali com a família. De volta a Santa Maria, torna-se o mais respeitado mestre a fazer carrancas, procurando por donos de barca de toda a região são-franciscana. A primeira “figura de barca” ou de proa que realizou foi em 1901: “um busto de negro, ou de caboclo”. Segundo Paulo Pardal, seu biógrafo e pioneiro no estudo de sua obra, de 1910 ao início dos anos 1940 Guarany teria produzido 80 carrancas. Com a substituição das barcas pela canoa sergipana, Guarany fica dez anos sem esculpir figuras de proa. Na primeira metade dos anos 1950 foi localizado, e seu trabalho passou a interessar o circuito de arte. Assinando e datando as suas obras a partir daí, Guarany é então considerado um escultor de grande força e personalidade, guardando sempre alta qualidade no seu trabalho, sabendo conciliar nele, com equilíbrio, o encontro da cultura sertaneja com o da industrial urbana. Seu trabalho é exibido em grandes museus nacionais, como o Castro Maia. Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro, século XX | Lélia Coelho Frota – Aeroplano, 2005