Manfredo de Souzanetto
Manfredo de Souzanetto nasceu em Jacinto – Minas Gerais em 01.06.1947 Vive e trabalha no Rio de Janeiro – RJ - Brasil. Estudou na Escola Guignard e na Escola de Arquitetura da UFMG em Belo Horizonte; Escola Nacional de Fotografia Louis Lumière e Escola Nacional de Belas Artes em Paris e graduou-se pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Manfredo de Souzanetto é certamente um dos mais pertinentes e criativos artistas brasileiros contemporâneos. Iniciando sua obra nas décadas de 70/80, desenvolveu uma linguagem específica e personalizada e é considerado um dos mais promissores de sua geração, tendo um amplo transito no Brasil aonde vem construindo expressivo currículo, e na Europa, onde nos últimos anos tem exposto com regularidade. Sua obra se desenvolve como um jogo de virtualidade e concretude, onde muitas vezes a moldura ultrapassa o limite da pintura e o suporte se fragmenta, refletindo a busca de novas possibilidades. Usando pigmentos de terra, óxidos de ferro, resina acrílica, juta e madeira, constrói composições abstratas e geométricas de grande impacto visual; são obras em que a pintura é um dos elementos constituintes e que procuram atuar no espaço real, sem o filtro da representação, buscando a tridimensionalidade. No final dos anos 90 o significado de sua obra é ampliado pela utilização de materiais não pictóricos cujo objetivo é falar de cor, matéria e textura, vocabulário por excelência do fazer pictural, retirando da pintura seu caráter de superfície colorida. É também um trabalho que situa numa região fronteiriça entre a pintura e a escultura, o plano e o tridimensional, utilizando materiais como madeira, porcelana, vidro, couro, barbante, plástico, metais e pigmentos que vão produzir a cor e a matéria em seu trabalho. Há na sua obra um constante vai e vem entre a sensualidade da curva e a aresta viva do ângulo agudo, a vibração da cor e a tatilidade da matéria, onde passamos do surdo ao vivaz, do orgânico ao geométrico, em que as formas trabalhadas em volume como um corpo orgânico abstrato vão criando descontinuidades e variações, permitindo imaginar configurações a partir de uma estrutura fragmentada que invade o espaço, dinamizando-o. Apoiadas em uma relação dialética entre forma e cor, suas obras jogam tanto com a tessitura do material quanto sua energia, sua sensualidade e seu dinamismo. Elas evocam o orgânico e o mineral declinando uma constelação de formas heterogêneas que através de metamorfose e hibridação fazem surgir figuras fugazes de um corpo ou objeto abstrato. O que faz o interesse das obras de Manfredo de Souzanetto é esta mistura de tradição e invenção que elas trazem em si, a arte de deixar o terreno conhecido pelo da mistura de gêneros. Elas têm o dom de tornar o improvável concebível e de serem ao mesmo tempo simples e complexas, evidentes e enigmáticas. Em 2006 foi publicado pela Editora Contra Capa o livro Paisagem da Obra sobre seu trabalho e um livro com entrevista a Marília Andrés pela editora C/Arte na coleção Circuito Atelier. Em 2009 foi publicado o livro “Do que ainda” com o poeta Julio Castañon Guimarães pela Editora Contra Capa.