Luciano Zanette
Luciano Zanette pensa seu trabalho como uma proposição - um convite - para um olhar reflexivo sobre como objetos do cotidiano desenhados para o corpo humano condicionam estes corpos, seus hábitos, gestos e posturas. ? As esculturas e instalações do artista tem como referência o mobiliário moderno, doméstico, escolar e laboral. Objetos inscritos em um projeto ocidental idealizado de civilidade, funcionalidade e eficiência. Objetos herdeiros de um ideário racional, tecnicista e positivo de ordenação do mundo (ordem e progresso) através da arquitetura e design modernos, com suas linhas e ângulos retos, sua ausência de ornamentações, sua negação de narrativas passadistas e as promessas futuras de qualificação da experiência estética das pessoas no mundo. Objetos ligados à escala de contenção do corpo humano, recepção e acolhimento, mas também controle e determinação de uma devida postura (física e moral) moderna: eficiente, racional e contida. Projeto este que na contemporaneidade nos afeta, tendo como alguns de seus efeitos colaterais, as experiências de limitação, interdição, afastamento da natureza, solidão e esgotamento. ? Dentro deste enfoque de herança moderna vivenciada no momento contemporâneo e de seus condicionantes, as tentativas do artista são no sentido de trabalhar com estes fenômenos; de buscar propor desestabilizações, alterações, movimentações nas certezas e rotinas do corpo do público. Através da inserção de inclinações, acentuações, alterações, interdições, sobreposições e justaposições que possam evocar uma primeira, mesmo que ínfima, percepção sobre as estruturas de poder e projetos totalizantes por trás de um objeto comum de uso cotidiano. ? Luciano Zanette é bacharel em escultura e mestre em poéticas visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em Design para Movelaria pelo Centro Universitário Senac de São Paulo. Em 2007 recebe dois Prêmios Açorianos: Artista do Ano e Destaque Escultura pela exposição individual Mobiliário Melancólico (2006). Seu trabalho integra o acervo do Museu de Arte do Rio (MAR), o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS).