José Antonio da Silva
Brasil - 1909 - 1996
José Antonio da Silva 1909, Sales de Oliveira | SP - 1996, São Paulo | SP Nascido no interior de São Paulo, filho do carreiro de bois Isaac Antonio da Silva, só aos 37 anos de idade José Antonio da Silva – grande pintor brasileiro do século XX – começou a ter espaço para criar. Antes disso, lutou penosamente para sobreviver em uma infinidade de serviços árduos. A mobilidade e instabilidade da vida do trabalhador do campo se espelham no interminável percurso de seu pai, e depois dele próprio, pelo interior. Já casado e com filhos, Silva construiu um rancho na beira de um córrego, onde “cortava de machado” para o proprietário das terras. Nesse rancho começou a fazer desenhos a lápis, terminando por forrar todas as paredes da casa com eles. Após novos trabalhos pesados, finalmente conseguiu fixar-se em São José do Rio Preto como garçom. É nesse momento que acontecerá a grande virada de sua vida. Em 1946 ele enviou “Boizinhos”, óleo pintado em flanela, com outros dois trabalhos para concurso da Casa de Cultura de São José e ganhou o primeiro prêmio. Se percurso então meteórico, e nos anos 1950 ele já participava de Bienais de São Paulo e tinha sala especial na Bienal de Veneza. Quarenta anos vividos no meio rural paulista deixaram forte marca na pintura de Silva. Predomina nela a paisagem, onde o homem aparece entregue às lides do campo ou aos lazeres dela. Auto-retrato e retratos de sua gente próxima são também pontos altos de sua obra. Os retratos revelam pela pincelada livre, vibrante, construindo com a cor, o expressionismo dionisíatico e o transporte com que Silva cria. Ele é, não obstante, um extraordinário desenhista, revelando na sua produção gráfica a mesma espontaneidade e instantaneidade da pintura. Silva foi compositor de música caipira e escreveu diversos livros, com muito sabor de narração. Em 1975 estabeleceu ateliê na cidade de São Paulo. Em 1978 Carlos Augusto Calil realizou sobre o artista e seu trabalho o curta-metragem “Quem não conhece o Silva?”. Em 1986 fez o cenário para a peça teatral Rosa de Cabriúna. Por ocasião dos seus 80 anos, já havendo sido homenageado por diversas prefeituras paulistas, o Museu de Arte Contemporânea da USP realizou retrospectiva de sua obra, que recebeu em 1990 o maior prêmio na categoria, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Faleceu na cidade de São Paulo em 09 de agosto de 1996. Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro, século XX | Lélia Coelho Frota – Aeroplano, 2005