Irmgard Longman
A pintura de Irmgard Longman: alma expressionista em corpo abstrato, é a primeira de uma série que pretende mostrar artistas brasileiros de linhagem expressionista. Esta é uma oportunidade para observarmos melhor essa parcela de nossa produção artística que reve-la sintonia temática e/ou estética com o expressionismo alemão. Alguns dos nomes ligados à corrente expressionista no Brasil são bem conhecidos, mas outros permaneceram menos acessíveis ao público contemporâneo. O expressionismo vem marcando de modo significativo as artes brasileiras desde os anos 1920 – os nomes de Oswaldo Goeldi, Lasar Segall e Lívio Abramo têm sido justamente lembrados como matrizes do expressionismo no Brasil. Outros pintores e gravadores tive-ram ainda contato com a produção expressionista através de publicações ou viagens à Eu-ropa. Essa influência é ampla, e se manifesta frequ?entemente combinada a outras tendên-cias. Conhecer um pouco melhor a teia de relações que se espraia sob as sutilezas da nossa arte expressionista é a proposta desta série de exposições. A pintura de Irmgard Longman, alemã de nascimento, mas que vive desde menina no Brasil, trata das questões existenciais do ser humano vivendo nas grandes cidades, assinala os conflitos gerados pela aglomeração e violência urbanas, dá atenção às questões políti-cas e sociais expressas na movimentação das massas contra as injustiças sociais e as guer-ras. A esse repertório de temas, característico do expressionismo alemão, ela soma a poé-tica silenciosa e musical da pintura abstrata, tal como é visível nas obras de Yolanda Mo-halyi e Henrique Boese, duas influências importantes. Curiosamente, esses dois artistas também fizeram parte do círculo de relações de Lasar Segall – o pai de Boese foi professor de Segall na Academia de Berlim e Mohalyi foi aluna de Segall em São Paulo.