Gustavo Caboco
1989, Curitiba/Roraima, Brasil Vive e trabalha em Cuiabá, Brasil Gustavo Caboco, do povo Wapichana, atua nas áreas das artes visuais, da literatura e do cinema. Sua produção se desdobra em múltiplas linguagens, como desenho, pintura, têxtil, instalação, performance, fotografia, vídeo, som e texto, constituindo dispositivos para reflexão sobre os deslocamentos dos corpos indígenas, os processos de (re)territorialização e a produção da memória. Sua formação artística foi iniciada ainda na infância, no ateliê de costura de sua mãe, Lucilene Wapichana, que sempre contou a ele sobre a família, a paisagem e as lembranças da maloca do Canauanim, em Roraima, de onde foi levada muito cedo. O aprendizado com os fios e com as histórias de sua mãe é o fundamento da pesquisa de Caboco, cuja força motriz são os caminhos que conduzem ao território originário, os passos para “à terra retornar”. É nesse trânsito que sua prática artística ganha forma, adensando os fios que conectam a memória da relação ancestral com a terra, essa memória que nada poderá apagar. Parte importante de suas proposições acontecem ainda em espaços educativos, como escolas, universidades, centros culturais, comunidades indígenas e quilombolas, em que o artista propõe atividades práticas de sua pedagogia anticolonial, além de sua pesquisa autônoma em acervos e arquivos museológicos como forma de contraposição às narrativas hegemônicas da colonialidade. Lançou os livros Baaraz Kawau, em 2019, Baaraz Ka’aupan e Recado do Bendegó, em 2022, todos publicados pelo selo independente que ele próprio fundou, a Picada Livros. Em 2023 iniciou a residência Ateliê-Lavrado e realizou o seminário Fortalecendo Fios, no British Museum, Londres. No ano anterior realizou a individual ouvir àterra, na Millan, São Paulo, além de ter sido convidado para o encontro indígena aabaakwad no pavilhão Sámi na Bienal de Veneza, na Itália. Neste mesmo ano, foi artista convidado do 32º programa de exposições do Centro Cultural São Paulo, ocasião na qual apresentou a mostra Coma Colonial; desenvolveu ainda trabalho inédito para o projeto Respiração 25: Devir Indígena, na Casa Museu Eva Klabin, Rio de Janeiro; realizou a performance encontro di-fuso, na Universidade de Manchester, na Inglaterra, durante o Festival of Latin American Anti-Racist and Decolonial Art. Em 2024, foi convidado para integrar a equipe curatorial do Pavilhão do Brasil na 60ª Bienal de Veneza, ao lado de Arissana Pataxó e Denilson Baniwa. Suas participações em exposições coletivas incluem: Um Século de Agora, no Itaú Cultural, São Paulo; Parábola do Progresso, Sesc Pompéia, São Paulo; e Atos de Revolta, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, todas em 2022. No ano anterior, participou da 34ª Bienal de São Paulo e da exposição Moquém Surarï, no Museu de Arte Moderna, São Paulo; antes, esteve em Véxoa: Nós Sabemos, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2020), e VAIVÉM, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília (2019). Sua obra integra coleções de instituições como ISLAA – Institute for Studies on Latin American Art, Nova York, EUA; MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; MON – Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil; Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, Brasil; Museu Paranaense, Curitiba, Brasil, e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.