Guilherme Gafi
Brasil - 1986
Guilherme Gafi, artista de Santo André, região da Grande São Paulo, reordena o léxico tradicional da pintura através do viés urbano da contemporaneidade. A tinta, a mancha e a cor – elementos que já foram protagonistas da pintura moderna – estão presentes na produção visual do artista. No entanto, o que os atualiza frente aos novos tempos é a forma como Gafi repensa esses atributos de acordo com as urgências atuais, já que retira da mancha sua áurea de subjetividade e gestualidade, colocando-a numa perspectiva de serialidade da repetição industrial. Seu trabalho repensa as bases convencionais – ao sair do canvas e buscar materiais corriqueiros, peças descartadas e objetos cotidianos –, alargando, assim, o pensamento bidimensional que avança sobre a espacialidade das arquiteturas e das cidades. Mas não é apenas com a disciplina pictórica que dialoga o artista. Se percebermos que seus suportes sofrem manipulações, dobras e torções, organizando-se de modo volumétrico pelo entorno, será possível observar também em seus trabalhos uma referência às linguagens escultóricas. Essas organizações e reorganizações dos objetos plásticos de Guilherme Gafi podem ser compreendidas como um sintoma do seu raciocínio editorial, fator presente em seus estudos e experimentações estéticas. Mesmo ao expor imagens sobre a parede, o artista joga com grupos de imagens, séries de manchas e campos de cor, testando o efeito das diagramações, das multiplicações e das sobreposições, como quem busca analisar campos de acúmulo e de massas em processos de homogeneização. Assim, seu trabalho artístico parte de explorações da ordem do abstrato. E essas mesmas explorações ganham ainda maior corpo e vigor ao assumirem arranjos que transitam entre o plano e o espaço.