Flávio Samelo
Brasil - 1976
São Paulo SP 1976.
Vive e trabalha em Arliington, WA, USA e São Paulo, SP, Brasil
Para Flávio Samelo, fotografar é explorar os mecanismos e processos que acompanham o ato fotográfico e seus resultados, tentando descobrir seus mistérios a partir das possibilidades e as mudanças na função e usos que estes engrenagens sensoriais possibilitam.
O artista e fotógrafo autodidata, descaracteriza nas obras o pictórico da fotografia, propõese acabar com as certezas da fotografia. Seus registros são uma antítese do documental, de lugar, tempo, descaracterizando a matéria no registro fotográfico.
Desde o ponto de vista mecânico o artista explora as possibilidades e oportunidades na evolução, e das descobertas que acontecem, e tem acontecido no campo da fotografia, seja em equipamentos; seja nos resultados que a utilização dos mesmo oferece: a dupla exposição nas polaroides, a utilização de diferentes tipos de câmera: do celular, câmera de plástico, digitais, analógicas, etc. Segundo o próprio artista ?o mínimo para fazer o máximo, e vice e versa para inovar na fotografia.?
A experimentação e a inovação marcam a pesquisa do Samelo. Suas composições emergem no todo do processo artístico. Cortes e extrações acrescentadas inserções e intervenções; onde é concebida a mesma relevância tanto ao processo como ao resultado. Um todo estruturado em partes que fazem que a produção se converta em quebracabeças. Desde os códigos construídos para dar nome as obras, estruturando uma nomenclatura não traduzível, até as composições variáveis que apagam a dependência de cada uma das partes entre sim, exclui referencias e construí diversas possibilidades morfológicas que recreiam um amago livre repleto de possíveis interpretações sensoriais, pondo em xeque o ponto de vista único. A imagem da imagem é, pois, uma maneira paradoxal de afirmar o real por meio de um processo de abstração, de colocar uma perpetua critica ao que atrai o olhar com sua geometria singular.
Testar os suportes provoca no espectador dúvida e ambiguidade, é a liberdade da mudança com novas relações espaciais, sem limites sensoriais. Nas relações que o artista estrutura a cor desempenha um papel fundamental ao conferir uma nova realidade e uma nova representação criando novos contextos que afetam os significados que o expectador extrai deles. Qualquer mudança no ponto de observação, por exemplo, modica esses significados.
Neste sentido verificase nos artefatos estéticos construídos pelo artista uma profunda conexão com a produção concreta brasileira sobre tudo dos fotógrafos e designers das décadas de 50 e 60. Samelo deixa transparecer nas suas obras fotográficas este mesmo processo e ao mesmo tempo fertiliza toda sua produção plástica com resultados recheados de códigos que transbordam, também, sensibilidade e qualidade autoral.
Fontes:
Foto: http://sympathy.com.br/parcerias/flavio-samelo/
Texto: http://barogaleria.com/artist/flavio-samelo/