Fernando Burjato
"Nascido em Ponta Grossa, Paraná, em 1972, Fernando Burjato graduou-se em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), em 1994. Em 2020, concluiu seu doutorado pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), onde em 2011, finalizara seu mestrado. Participou de exposições individuais e coletivas em diversas instituições, entre elas o Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo), Museu de Arte do Rio (MAR) e Paço Imperial (Rio de Janeiro). Possui obras nos acervos do Museu Oscar Niemeyer (MON), Museu Metropolitano de Arte (MuMA) e Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR), em Curitiba, além de na Casa Niemeyer, em Brasília. Em 2019, foi premiado na 7a Bienal Internacional do Pastel, em Nowy Sacz,Polônia. É autor do livro de contos Cabeça, corpo, caveira e alma (2000, Editora Bom Texto, Rio de Janeiro) e Arte brasileira nos acervos de Curitiba (2010, Editora Segesta, Curitiba), este em coautoria com Daniela Vicentini. Fernando Burjato vem informado de certa economia da imagem, parceiro das lições modernas. No entanto, se há precisão, obstinação (“repetir, repetir, até ficar diferente…”), há também aquilo que sobra e excede, gordura presente. Suas bordas, rebarbas, afirmam o espaço fora da pintura, exigem uma reflexividade do plano, duvidando da virtualidade da imagem, relembrando a coisidade da tinta. O que excede é mole, se pende, se curva, tem corpo. Não há moldura possível que proteja a pintura do mundo, escondendo as pontas. Ao contrário, no limite onde a matéria acaba, o jogo começa. Tinta-pele, tinta-franja, tinta-borda, barba, crosta, cabelo, cortina, exercício de ir e vir dentro da linguagem. Se a pincelada corre ritmada, como um gesto inteiro, área lisa, a tinta escorre pelas laterais. É o que dão a ver os chassis mais altos, com a promessa de uma pintura mais autônoma, descolada do entorno (como se possível fosse), ao passo que revelam a cozinha, os bastidores do ateliê. A pintura está parada, mas em trânsito. Um pé aqui, um pé lá. Nos pastéis e nos guaches, confirmamos a vocação bem-humorada do trabalho de Burjato. Os pastéis forjam esboços dos óleos maiores, apresentam sujeiras, projetam sombras, achatam as bordas. As datações no inferior, com dia-mês-ano, esbanjam despretensão. O branco das margens talvez seja como o intervalo de Mallarmé, funciona como a página do livro ou do catálogo, lugares privilegiados de nossa educação pictórica, como reconhece o artista. Os pastéis não estão interessados em migrar de categoria, como se estivessem submetidos a algum tipo de teste por vir, são trompe l ’oeil desafetado, algo esnobe. Coisa duplamente virtual: pastéis de óleos, desenhos de pinturas, brincadeiras de brincadeiras. Esporte."