Feliciano Centurión
1962, San Ignacio de las Misiones, Paraguai – 1996, Buenos Aires, Argentina. O trabalho de Feliciano Centurión é caracterizado pelo uso de tecidos e bordados, campos, por tradição, relacionados à criação feminina e que são centrais para a cultura paraguaia desde a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), ou a Guerra do Paraguai, quando o país perdeu noventa por cento de sua população masculina. Em tecidos bordados, expressava desejos e ideias, quase como um diário íntimo. Após seu diagnóstico positivo para HIV, o artista começou a relatar aspectos deste assunto na mesma série, trabalhando em formatos cada vez menores e intrincados. Centurión cresceu na Argentina, país em que se exilou para escapar da ditadura de Alfredo Stroessner. Em Buenos Aires, mostrou-se figura fundamental no movimento de renovação artística que se desenrolou na década de 1990 ao redor do Centro Cultural Ricardo Rojas. Neste período, a produção artística local ficou marcada pela exploração da subjetividade de diferentes maneiras, muitas vezes incorporando elementos da cultura popular até então considerados kitsch ou inapropriados. Embora sua carreira tenha sido tragicamente curta, Centurión continua sendo uma figura central, mas pouco reconhecida, da história recente da arte contemporânea. Participou da 5ª Bienal de Cuba (1992) e expôs na Maison de L'Amerique Latine, na França. Suas obras ganharam destaque na 33ª Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas (São Paulo, SP, 2018) que apresentou uma seleção de bordados e crochê em mantas, travesseiros e outros artigos íntimos de autoria do artista.