Artur Pereira
Brasil - 1920 - 2003
Artur Pereira 1920, Cachoeira do Brumado | MG - 2003, Mariana | MG Começou a trabalhar muito cedo para ajudar no sustento da grande família (pai, mãe e sete irmãos). Exerceu as atividades de lavrador, carvoeiro, pedreiro e carpinteiro, antes de descobrir o talento para a escultura. Rapazinho, modelava bichinhos de barro para presépio, secos ao sol. Das figurinhas de barro à imagem isolada, grande, esculpida em madeira, o passo já foi maior, pela diferente natureza dos materiais. O alisamento e a manipulação, característicos da modelagem em barro teriam talvez concorrido para conferir às suas figuras a aparência curvilínea que têm, a sua lisura polida. Seguiu esculpindo peças isolada, frequentemente pintadas, até que, em 1968, passou para os grupos. As figuras passaram a ser esculpidas pelo artista diretamente em monoblocos de cedro. Animais, homens, e aves nunca são tratados à parte, para encaixe posterior na peça, e sim levantados um a um da matéria indivisa. As esculturas de Artur Pereira abrangem três categorias de elementos: os referentes à liturgia católica, consistindo basicamente no presépio; os referentes a atividades rurais, como caçadas, cavaleiros, boiadas; e os que representam seres da natureza, como os animais terrestres (onça, boi, carneiro, cachorro, leão, cobra), aquáticos (peixes) e alados (pássaros pousados, em voo ou bicando frutas). As plantas raramente figuradas. Dele só conhecemos, ainda assim como elemento vegetal muito estilizado, uma floresta, magnífica fica peça cilíndrica vazada, cujos elementos principais são onças. Há frequentemente em suas criações a presença avantajada da onça, muitas vezes colocadas em cavidades sob presépios, emergindo de florestas simbólicas ou mesmo situada, enorme, no patamar inferior de grandes mesas esculpidas, sobre cujo tampo se espalha numeroso rebanho de rebus de ambiguidade felina, com seu vaqueiro a cavalo. Participou de todas as grandes mostras de artes brasileira de fonte popular enviadas ao exterior, como “Brésil, Arts Populaires (Paris, 1987) e da “Mostra do Redescobrimento” (Fundação Bienal de São Paulo, 2000). Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro, século XX | Lélia Coelho Frota – Aeroplano, 2005