Amélia Toledo
Brasil - 1926 - 2017
“A definição da personalidade artística de Amélia Toledo coincide com os inquietos anos 1960, a década crucial na suposta passagem da arte moderna para a contemporânea, e por isso se distancia da rigidez de uma arte racionalista e purista. Foi uma época marcada pela euforia da expansão de bens produzidos em serie e das telecomunicações, pelos lábios de Marilyn Monroe e pela geração beat, mas também pelo avanço da neurótica Guerra Fria, que terminou na Guerra do Vietnã. São desses tempos os trabalhos da artista em placas metálicas curvadas que se estruturam no espaço como mobiles de grande vigor e encantamento tecnológico. Esses elementos cinéticos dialogam com as placas metálicas articuladas — Mundo de Espelhos — e também com as Caixas, apresentadas ao publico na Bienal de São Paulo. O esgotamento da crença modernista em seu tom decidido e autoritário se justifica com a nova realidade de um mundo cansado de tantas verdades inconclusas e tantas guerras determinadas pelo capital. Os conflitos raciais nos Estados Unidos, o advento da pílula anticoncepcional — que dava as mulheres o domínio do próprio corpo — e a curiosidade por culturas e valores de vários quadrantes do mundo, em especial os do Oriente, possibilitaram o surgimento de uma realidade artística e cultural mais próxima ao cotidiano das pessoas da época. Nesse momento, Amélia Toledo irradiou-se no cenário artístico brasileiro como a grande dama da contracultura no Brasil.”