Alexandre Cruz Sesper
O trabalho de Alexandre Cruz Sesper acontece na fusão de várias técnicas, tais como colagem, pintura, desenho e assemblagem, através das quais articula formas e composições texturizadas e intrincadas. Artista autodidata - formado na cena musical independente das décadas de 1980/90 -, Sesper executa plasticamente o conceito de montagem através da sobreposição de camadas matéricas que ressignificam referências e conteúdos apropriados das mídias de massa e de arquivos pessoais, operando entre o social e o privado. Esses trabalhos, que oscilam entre a bi e a tridimensionalidade, por vezes ganham ares de vitrine, são caixas exibidoras de imagens e objetos que acionam uns aos outros em relações de simbiose. Suas figuras (meio) humanas, formadas pelo acúmulo de detritos recodificados, escancaram os excessos de uma sociedade hiperindustrial que a tudo nivela e reduz a simulacro e a produto passível de descarte. Ilustrações científicas da fisiologia do corpo humano aparecem repetidamente na obra de Sesper, bem como o choque de cores e a palavra impressa, elementos que conduzem um diálogo alternado entre modos conscientes e inconscientes de expressão e recepção, assumindo uma tensão deliberada entre ordem e caos. A escada, outro elemento recorrente em seus trabalhos, opera como ponte de ligação entre o abstrato e o figurativo: ao mesmo tempo em que representa uma forma reconhecível, nos conduz menos por subidas e descidas do que por espaços subjetivos da própria obra. Em seus trabalhos mais recentes, Sesper assume um crescente afastamento do referente, em um caminho deliberado em direção a uma maior abstração.