Agnaldo dos Santos
Agnaldo [Agnaldo Manoel dos Santos] 1926, Ilha de Itaparica | BA - 1962, Salvador | BA Descendente de índios e negros, trabalhou desde os dez anos de idade. Depois de diversas ocupações, incluindo a de mineiro em uma caieira, empregou-se, em 1947, como vigia no estúdio do escultor, gravador e desenhista Mário Cravo Júnior, em Salvador. Incentivado por esse artista, Agnaldo começou a esculpir em 1953. Viajou com Franco Terranova pelo Rio São Francisco, resultando daí a recuperação de inúmeras antigas carrancas que haviam navegado na proa de embarcações. Conheceu, então, o principal autor de carrancas do século XX, o mestre Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany, de quem declarou ter aprendido novas maneiras de olhar para o processo criativo. Suas esculturas em madeira participaram de importantes mostras coletivas e individuais, como a Bienal de São Paulo em 1957. Quatro anos após sua morte recebeu o prêmio internacional de escultura no I Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, em Dakar, Senegal, em 1966, com “Rei”. Sua obra foi estudada por Clarival do Prado Valladares, que viu nela “a expressão eterna da sua ancestralidade cultural”. Voltado para a representação de sobrenaturais afro e também de imaginário transculturado com o do catolicismo, o trabalho de Agnaldo, ao emergir com absoluta autenticidade da sua experiência histórica individual e do seu conhecimento das grandes artes africanas, se encontra entre as mais originais realizações da escultura brasileira do século XX. Seu trabalho consta do acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e integra importantes coleções privadas de arte. Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro, século XX | Lélia Coelho Frota – Aeroplano, 2005