

Com trajetórias reconhecidas no mercado de arte, a Athena Contemporânea e a Athena Galeria de Arte decidem se juntar, constituindo agora a Galeria Athena, que passa a funcionar em casarão de 1938, em Botafogo. Para abrigar mostras de grandes proporções, foi erguida uma construção moderna no terreno contíguo, de linhas minimalistas, dotada de 140m² e pé direito de 6,5m. O casarão – totalmente preservado e restaurado – oferece ainda uma sala de 50 m2 para projetos especiais.
A exposição “Com o ar pesado demais para respirar”, com curadoria de Lisette Lagnado, inaugura o novo espaço e reúne os doze artistas representados pela galeria. São eles: André Griffo, Débora Bolsoni, Frederico Filippi, Iza Tarasewicz, Joana César, Lais Myrrha, Laura Belém, Matheus Rocha Pitta, Raquel Versieux, Rodrigo Bivar, Vanderlei Lopes e Yuri Firmeza.
Após visita aos ateliês, Lagnado se preocupou em adicionar obras históricas, escolhidas escolhidas a dedo, que funcionam como lastros, permitindo adensar e ampliar o debate sobre a produção brasileira dos últimos cinquenta anos. A exposição reúne cerca de 40 obras, dentre pinturas, desenhos, esculturas, vídeos e instalações, a maioria inédita. Foram desenhadas “constelações formais e conceituais” com: Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Melo (1926-2001), Leticia Parente (1930 – 1991), Rubens Gerchman (1942 – 2008), Antonio Dias (1944 – 2018), Leonilson (1957-1993), Anna Bella Geiger (1933), Antonio Manuel (1947), Artur Barrio (1945) e Iole de Freitas (1945).
“COM O AR PESADO DEMAIS PRA RESPIRAR”
O título “Com o ar pesado demais pra respirar” é inspirado em obra homônima de Frederico Filippi. Dada sua formação em aviação, o artista extraiu desse repertório o termo “estol”, que designa a perda de sustentação do avião, o momento em que “sufoca”: “sobe, sobe, sobe, até que não pode mais e começa a descer e involuntariamente abaixa o nariz”, conta.
A curadora se baseou na descrição dessa queda como uma alegoria que retrata a falta de expectativas com as eleições presidenciais e o colapso social do país, marcado por incertezas em relação ao futuro. A obra em si é de 2015, composta por chapas de aço galvanizadas cobertas por tinta preta, que misturam substâncias como óleo, carvão, spray e pedaços de papel cobrindo inscrições arranhadas, que remetem a resíduos de civilizações.
Lagnado explica como construiu o eixo narrativo: “Procurei dar um depoimento da atmosfera dos últimos meses no Brasil usando como recorte os artistas de uma galeria relativamente jovem. Perguntei a cada um como o noticiário tem atingido seu cotidiano, sua forma de pensamento e de ação. A classe artística parece uníssona em falar de golpe parlamentar, mas será que essa consciência se traduz na produção de linguagem, como vimos nos anos 1960-70? Recebi relatos desencontrados, que variavam da pane de expressão, do vazio, à falta de concentração, indo além da demonstração de empatia e solidariedade com a gravidade do momento. Afinal, esses artistas viveram sua maioridade quando o país teve um governo de esquerda, que assumiu a redução da miséria e da fome por meio de programas de políticas públicas. E agora?”
A coletiva, que faz parte do CIGA – Circuito Integrado de Galerias de Arte, da ArtRio 2018, vai até o dia 24 de novembro. A Galeria Athena fica na Rua Estácio Coimbra, 50 – Botafogo. Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 11h às 19h. Sábado, das 12h às 17h. Entrada franca.